30.4.07

Liberdades

Estive na Madeira, na anterior pré-campanha eleitoral. O taxista que nos conduziu pelas auto-estradas de sucesso da ilha apontou-nos a rampa de 20 metros que servia de acesso a uma aldeia: "Foi inaugurada há dias pelo Alberto João". No Norte da ilha, os túneis venciam as escarpas belíssimas com a aceleração das obras para tudo ficar pronto a tempo das eleições e de mais uma inauguração jardinística. Dois anos e meio depois, a pouca vergonha volta a vestir-se de Alberto João para mais um rodízio de inaugurações, que nos sai directamente do bolso: quantas empreitadas (de empresas de tipos do PSD local) são pagas a mais, nestes dias loucos de eleições por uma birra?!

Obviamente que há obra feita, dizem os apaniguados, mas a custo de milhões de euros que escapam sempre ao controlo do Estado, criticados depois, sempre muito depois, pelo Tribunal de Contas. A estas críticas, o governador das ilhas faz orelhas moucas e ainda insulta. E a comunicação social pouco diz, ocupada em relatar o frenesim da placa descerrada. Tem razão, Paulo Rangel, «nunca, como hoje, em décadas de democracia, se sentiu este ambiente de condicionamento da liberdade».

O tempo

Aqueles que rejubilam porque passaram a chegar ao Marquês 15 minutos mais depressa e afirmam que «o tempo nunca é valorizado» em Portugal, são os mesmos que insistem que o TGV não é necessário para se ir mais depressa de Lisboa ao Porto ou a Madrid. Insondáveis mistérios de cores políticas.

Siga pela direita

29.4.07

Take away show


I'm from Barcelona, We're from Barcelona

Cruzes

[serra dos Candeeiros, Abril/07, foto MM]

Irresponsáveis

Ao que parece o Benfica e a PSP são os culpados pelo facto de uns energúmenos do FCPorto terem passado um jogo de futebol a atirar cadeiras e petardos contra o público que estava na bancada em baixo. Fico com a lição estudada: da próxima vez que me apetecer partir uma montra de uma loja, espero que o MAI acuse o dono da loja e a PSP de nada terem feito para evitar esta minha (digamos) vontade.

Hiace

A velha carrinha Hiace pára estrategicamente junto aos dois autocarros galegos, e a porta corrida deixa ver atoalhados com galos de Barcelos, rendas de bilros, panos bordados. A mulher nos 60 mostra o que tem para os turistas acidentais, de igual idade. "Dós euros", arrisca a vendedora. "Qué no". Há uma cidade que cabe toda em carrinhas Hiace, faça chuva faça sol, no feriado ou num sábado. 33 anos depois.

Indie

Fecho o meu Indie, seis filmes em dez dias, um recorde pessoal desde há muito, um mergulho nalgum cinema que pode fazer pensar. Cheguei à conclusão que falhei todos os premiados, o que diz tanto da minha selecção como das escolhas dos júris, mas fecho com chave de ouro: «Directed By» sobre John Ford, um documentário de Peter Bogdanovich simples e revelador, como os filmes documentados. Um regresso aos sábados à tarde da infância em que a RTP nos mostrava westerns atrás de westerns, numa longa sessão de aprendizagem do cinema. Hoje, as insónias é que permitem ver estes filmes.

28.4.07

Cardeais

Que falta pudor a Pina Moura, já se sabe, mas vem do tempo da Iberdrola. Não é de agora. Nem é de Pina Moura. Somem-se os conselhos de administração em que se senta Dias Loureiro e assim se vê a força de ter passado no governo. O desplante é ouvir o PSD a criticar, quando usou e abusou da coisa. E se a TVI é permeável porque tem Pina Moura, não será a SIC com Pinto Balsemão? Ou o gallero assenta de maneira diferente aos cardeais?

Inglês técnico

Sócrates está aprovado: «media» dito à inglesa, como os brasileiros («mídia») dizem. Esquece o primeiro-ministro, esquecem quase todos, que a palavra vem do latim: «média». Abra-se o «e» e fale-se bem. Uma questão de português técnico.

27.4.07

Arguido

Carmona é arguido, não é culpado. Mas em nome da coerência e da transparência e para que Lisboa não pare ainda mais um bocadinho, o PSD devia propor eleições antecipadas.

Soberba

«Alberto João Jardim apelou [ontem], aos jovens que defendam a autonomia da Madeira contra Lisboa, o que ele fará, disse, mesmo depois de morto. "Todos vós tendes um desafio que eu, do outro lado, vou observar, nem que faça um comício lá em cima", disse». Presumir que o céu está garantido é soberba.

Travessias

O velho de idade gasta e pernas torpes, que se atropelavam na bengala, parecia vergar-se à ironia do largo que ele insistia em atravessar: Prazeres. Vou apanhar a carreira, balbuciava. Ao jovem motorista da Carris, que lhe indicou a paragem certa, tudo lhe parecia estranho: a vontade do velho, o corpo do velho. A esta hora devia estar em casa, sem perceber que isso matava a vontade e o corpo.

26.4.07

Celebrar a liberdade


Scarlett Johansson is set to make her singing debut with Scottish drug-eyed fuzz-rock merchants' The Jesus and Mary Chain.
Following on-going rumours that the actress would appear as a special guest with the band on their US tour, Johansson has confirmed she will sing backing for the band at their date in Pomona, California on Thursday (April 26).
The concert is a warm-up gig before the band play at the Coachella festival in Indio the following night.
It is not known whether the collaboration will be a one-off or if it will be repeated at the festival.
The Jesus & Mary Chain will play the Electric Picnic (with or without Johansson) on September 1.

24.4.07

Tunelados (II)

Amanhã é inaugurada a maior pista de slalom gigante do país. Começa na colina das Amoreiras, termina no sopé do Marquês.

Tunelados

Amanhã, o túnel do Marquês abre ao trânsito às 20 horas, depois de o povo se poder passear no seu interior. Às 20 horas, leram bem: teremos direito a engarrafamento para abertura de telejornais.

Atrapalhados

É recorrente agora dizer-se que se o caso Independente fosse com Santana teria caído o Carmo e a Trindade. Confundem as trapalhadas pessoais académicas do José com as trapalhadas que iam dando cabo do país do Pedro. Trapalhices de argumento, é o que é.

Começar o dia

Scarlett Johansson no Saturday Night Live 1 e 2

23.4.07

Mau pastor

Sou um mau pastor, um mau pastor, só me interesso por cabras...

Apascentar rebanhos, só de luvas. De óculos escuros, bebendo sumo d'uvas...
[ontem, na Serra dos Candeeiros... uma caminhada, e um escaldão, e cabras, e os GNR como banda sonora cantarolada no caminho, ouvida aqui graças à Shyznogud. Foto MM]

Acho mal: devia ser na Torre do Tombo

Livro para a bancada

Uma leitora escreveu ao Público sobre Lobo Antunes e o cancro deste. Jogando com os títulos do escritor, pede-lhe: «António... Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura». Antes lembra-nos: «É a Ordem Natural das Coisas que provocou [sic] a Morte de Carlos Jardel [sic sic]». E ninguém se lembrou de a corrigir, mesmo que este tenha sido de facto o ano da morte de... Jardel.

Comemorar

A ditadura é avessa ao debate.

Ségo


21.4.07

Pudor

Os três telejornais abrem com a hospitalização de Eusébio ("está estável", "sem perigo algum", "afinal está bem"), que não merecia mais do que uma nota de rodapé. Em zapping sucessivos ouvi o nome de Hospital da Luz umas boas 20 vezes (os médicos sublinhavam o nome do novo hospital a cada duas linhas). Já não há pudor.

Em falta

De um blogue que tem andado em falta recupera-se um artigo sobre faltas. Dos deputados. Para ver as coincidências.

FórumLisboa-São Jorge-King-Londres



Eu, a Rita e o Sérgio andamos pelo Indie.

Em todas as línguas

Goste ou não de futebol, veja este vídeo. O golo é de antologia, belíssimo, já reproduzido e visto em muitos ecrãs. Mas não se perde nada em ver de novo, a jogada filmada de vários ângulos. Mas o vídeo tem outra coisa extraordinária: o comentador que, em árabe, transmite um entusiasmo único, enquanto comenta a jogada e o golo. O futebol tem destas coisas bonitas, falado em todas as línguas.

Messi Acting As A Maradona!! - Click here for the funniest movie of the week

20.4.07

Tráfego

Se a chuva responde ao adágio que diz que em Abril, águas mil, logo os carros desabituados se atropelam, aqui e ali congestionando-se, o motor aos repelões, devagarinho, metido numa sinuosa fila que enxameia a cidade. O sol é saudado como o sinal verde que abre.

Meanwhile, in Virginia

«Anda com a Maria, chega-te para cá, vem dormir comigo, para ver o que isto dá»

A unhaca, o amor de mãe, o telefonema para a segurança social, o cozido, nossa senhora... Um mundo muito portuga. A ver, com tempo.


[Trabalho de investigadores da Universidade do Porto. Talvez ainda sem diploma.]

Velhas oportunidades

A campanha do Governo tem agora resposta à altura (clicar na imagem para ampliar). Mas o insulto de quem seguiu profissões menores é quase ridículo. Pedro Abrunhosa precisou de um curso superior para cantar Eu estou aqui. É sabido por qualquer adepto de futebol que Carlos Queiroz conseguiu chegar a adjunto de Ferguson só por ter terminado os estudos. Maria Gambina desenha hoje melhores trapos porque continuou a estudar. E o que dizer de Judite de Sousa? Por ter estudado, foi castigada e não pôde entrevistar o primeiro-ministro.

19.4.07

Já se sabia

A culpa do massacre da Virgínia é dos filmes, claro, e não da facilidade com que um tipo que tinha uma história de perturbações conseguiu comprar armas, como se estivesse a comprar feijões. A culpa é dos filmes, claro.

[A culpa nunca será da NRA, o poderoso lóbi das armas, que hipocritamente escreve uma mensagem de condolências às famílias das vítimas, no seu site:
«Tuesday, April 17, 2007
Statement by the NRA
The National Rifle Association joins the entire country in expressing our deepest condolences to the families of Virginia Tech University and everyone else affected by this horrible tragedy.
Our thoughts and prayers are with the families.
We will not have further comment until all the facts are known.»
Sublinhado nosso: o nojo não tem limites.]

18.4.07

E dizem eles que os imigrantes contribuem para a criminalidade...

Uma operação da PJ levou à detenção de 27 pessoas associadas a movimentos de extrema-direita. Os detidos são acusados de terem em sua posse armas, munições e material propagandístico susceptível de configurar os crimes de discriminação racial e religiosa.

Brincar aos túneis

Questionado sobre se a data prevista de abertura do túnel do Marquês pode ser adiada, o presidente da autarquia afirmou apenas «vamos ver».

Manipular

Eduardo Cintra Torres e Pacheco Pereira provarão por a+b que a RTP-N inventou tudo e que a SIC duas horas depois é que estava correcta.

«Queremos mais pessoas com armas»

Os que explodem pelos EUA dizendo que o massacre de Virginia teria sido evitado com mais pessoas com armas gostam de atear rastilhos que já não precisam de mais ateamentos. Não admira: quem tem um Presidente que todos os dias defende a cultura da guerra não pode estranhar que os seus próprios cidadãos fomentem a sua guerra interna.

Igrejas

De cada vez que posto sobre igreja, igrejas, sucedem-se comentários ou debates, maioritariamente com amigos. Prova provada que a Igreja não é um monólito acrítico, como tantos, de fora ou de dentro, gostariam. Haja esperança neste mundo.

Insistências

Três temas recentes (notícias do último mês) sobre os quais os senhores bispos não insistiram:
1. Cartaz racista e xenófobo dos fascistas do PNR;
2. Divulgação de dados sobre a pobreza extrema em Portugal, que dá conta do aumento do fosso entre ricos e pobres;
3. Aumento do desemprego, para valores recordistas, e novas regras criminalizadoras dos beneficiários do subsídio.
Ao esquecerem isto, não desistem também eles da vida dos outros?

17.4.07

Insistentes

Os bispos voltam a insistir no tema do aborto. Agora para contestar a "colaboração activa do Estado" (portanto, será melhor deixar tudo na mão de privados que não olharão a meios, em vez de ter um Estado que vigie eventuais negociatas despudoradas) e para lamentar que se tenham "gorado as possibilidades de limitar as injustiças da lei". Que diabo!, nunca os senhores bispos insistem tanto noutros temas. Desemprego?, pobreza?, racismo e xenofobia? Não, aí raramente se insiste no tema (falam uma vez a medo, quando falam) e pouco se lamenta as possibilidades perdidas de limitar as injustiças da prática de todos os dias, católicos incluídos.

Bowling for Virginia

Michael Moore pode parecer excessivo e demagógico, mas se não existissem tantas armas e não fosse tão fácil tê-las, as notícias destes massacres repetir-se-iam com esta frequência?!

16.4.07

Da série Mais música de elevador


CocoRosie «performing "honey or tar" and "tekno love song" inside an elevator for vpro (dutch tv) - not-so-good quality».

Por um canudo

Aflige-me muito mais a credibilidade de um primeiro-ministro pela sua política, do que por uma eventual aceleração no fim de curso. E o meu ponto no post anterior (e noutros), assumo, é contra o excesso que é jornais, televisões, rádios perderem-se com um diploma, e ao resto dizerem (quase) nada. Sintomática a entrevista na RTP: 45 minutos para certificados e datas e habilitações, pouco mais de nada para desempregos, Otas. Nos últimos dias, também se soube do fosso cavado entre ricos e pobres, que tem aumentado e é superior à média europeia. Alguém debateu «o silêncio de Sócrates» sobre a matéria?

Doutor, vírgula

Nos últimos dias recebi uns quantos e-mails de resposta ao «Dr. Miguel Marujo», sem que alguma vez me tivesse identificado como tal. Faltam-me quatro cadeiras para acabar a licenciatura, faltam-me os dentes do siso e, no dia em que acabar a licenciatura, serei apenas um «lic.» em novas oportunidades, para descanso da polícia dos bons costumes.

15.4.07

Música de elevador


Os Arcade Fire são geniais.
Até a tocar no elevador lá do prédio. 1'59" incríveis.

Lucas, temos de experimentar isto!


CocoRosie, «Hairnet Paradise»

O senhor feliz e o senhor contente

V. foi por seis meses fazer um estágio médico para Barcelona. Foi e veio, e só depois recebeu a autorização do Ministério da Saúde - que a tinha mandado ir, porque "estas coisas demoram tempo". M. está há 15 dias no Reino Unido, ainda sem a autorização do Ministério, que lhe voltou a dizer o mesmo.

Num país que se queixa da burocracia todos os dias, não deixa de ser curioso o afã legalista e burocrático das últimas semanas. À mesa, brinca-se com diplomas e competências: F. revelou-nos hoje, para memória futura, que é apenas licenciado em Engenharia e Gestão Industrial e não engenheiro. O assunto é do reino do anedótico, mas seguimos felizes e contentes.

Hoje, sempre


Gracias a la vida (de Violeta Parra), por Mercedes Sosa

14.4.07

[para Glasgow]


[de Lisboa]

A idade da inocência

«É difícil de compreender que sem qualquer sinal de aberta violência ou constrangimento forçado, - não tinham a espada da Al-Qaida e uma expectativa de uma morte quase certa sobre a sua cabeça - os marinheiros se prestassem tão depressa, tão bem e tão à vontade a servir a propaganda de guerra iraniana».

Os teóricos defensores da guerra sentados no sofá, como Pacheco Pereira, insistem, não percebem, fingem que só eles colocam as perguntas difíceis. E não lhes passa pela cabeça que a guerra, esta guerra absurda, ceifa jovens, muito jovens, como a idade dos soldados ingleses prova. Do sofá, é fácil duvidar, «difícil compreender», num teatro de guerra, eles também se prestariam a este jogo.

[Idades dos soldados]
Leading Seaman Faye Turney, 26
Marine Adam Sperry, 22
Operator Mechanic Nathan Summers (s/d)
Royal Marine Capt Chris Air, 25
Lieutenant Felix Carman, 26
Operator maintainer Arthur Batchelor, 20
Royal Marine Mark Banks, 24
Royal Marine Joe Tindell, 21
Royal Marine Danny Masterton, 26
Royal Marine Paul Barton (s/d)
Leading Seaman Christopher Coe, 31
Operator Maintainer Simon Massey (s/d)
Operator Maintainer Andrew Henderson, 24
Corporal Dean Harris, 24
CPO Gavin Cavendish (s/d)

[s/d=sem dados, num perfil da BBC]

Priapismo

Audiências do E Deus Criou a Mulher, no último mês, com um recorde absoluto, no dia 11.

13.4.07

Dúvidas

A Comissão Europeia tem dúvidas sobre o valor do défice público português de 2003 devido a umas operações autorizadas pela então ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite. Esperem lá! José Barroso duvida de Durão Barroso?!

12.4.07

Dia bom, assim!

A Rita que aí vem, o dia em que a Raquel e o Rui nos anunciam uma história que se tornará também ela única, os quatro anos dessa outra nossa história. Tudo somado e fechado com jantar-coragem (com os cumprimentos Bimby). O Benfica estragou a pintura de um 12 do 4 assim.

12 do 4, quatro anos depois
«Las estrellas venimos del cielo»

Há dias em que nos apetece surpreender, lendo o que se escreveu, neste mesmo dia, há dois anos: «Conto de fadas. Há [quatro] anos chovia de manhã. Muito, daquela em que o céu parece desabar. Muito, sem cuidar de amainar. Levantei-me cedo, para um sábado. Comprei o jornal, mas a notícia do dia não estava lá. Fui à Baixa, para enganar o tempo - e as horas. À tarde, já não chovia. Mas permanecia o vento. Nas ruas havia quem protestasse contra a guerra do Iraque. Nós deixávamos as bandeiras que gritavam em italiano Pace, para lembrar essa luta. Era fim-de-semana de Ramos e as palmas alinhavam-se pela nave central da igreja. E ela estava linda - quando entrou. De azul. Como num conto de fadas. Quem disse que só os príncipes e princesas têm desses contos?» [À M., no dia em que a nossa história ficou única.]

Embirrações

O país dos que dormem esta noite sob mantas nas arcadas do Centro Comercial Portugália, na Almirante Reis, está muito longe de jornais e blogues obstinados com a licenciatura do primeiro-ministro. Mas deve ser embirração de um desempregado, que só viu este tema discutido ao fim de muitos certificados e equivalências, e sem ir ao âmago da questão. Como sempre, ficaram-se por números e promessas, não questionando o regime de desemprego.

Anotações

Ao ver a entrevista de Sócrates sobre a sua licenciatura na RTP fiquei a saber pela voz dos jornalistas que as universidades em Agosto fecham e que os estudantes universitários vão a todas as aulas. Em que faculdade andaram eles?

Habilitações

«Academicamente, [Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal] ficou célebre por nunca ter terminado o doutoramento que começou, mas chegou a professor catedrático convidado do Instituto Superior de Economia e Gestão em 1989.» [in Wikipédia]

Qualificações

Os conselheiros do Supremo Tribunal de Justiça, Salvador da Costa, Ferreira de Sousa e Armindo Luís, não são sócios do Sporting?

11.4.07

Stand-up poverty


Em Londres, esta é uma imagem comum: "pés de cartazes", parados um dia inteiro, ao sol e à chuva, a anunciar o bilhete mais barato, o fast-food escondido, a tatuagem atrevida ou a sandália brasileira. Em vez de pagar um espaço publicitário fixo, as empresas preferem esta solução (de que só tinha visto algo semelhante em Buenos Aires): o homem, são quase sempre homens, sai mais barato. [Foto MM, em Picadilly Circus, Março de 2007]

10.4.07

Alguém (me) explica

Alguém me explica estes 400 e muitos leitores que aqui bateram à porta ontem, segunda-feira. Acaso adivinhavam eles que se ressuscitava por aqui?

Um violino no metro

... the fiddler standing against a bare wall outside the Metro in an indoor arcade at the top of the escalators was one of the finest classical musicians in the world, playing some of the most elegant music ever written on one of the most valuable violins ever made... [no Washington Post, via Ponto Media]

Jornalista desempregado oferece-se para "copy desk" no Público

"revêm-se", "famíliares", "lindissimo", "Cambrisge", "Semsibilidade", "humoristico", "Percorrera 20 vinte", "Encontra-oo", "doentwe".

Pequenos erros em três textos no jornal Público de domingo, numa amostra não exaustiva.

9.4.07

Mais desmazelos

Em Lisboa, também se desmazela o espaço público. Haja esplanadas e paciência.

Passeio dos caídos

Surpreendi-me este fim-de-semana em passeios por Aveiro. Há prédios novos que nascem como cogumelos à beira-ria, mas nas ruas do centro aumentam as casas vazias, abandonadas e devolutas que parecem esperar o camartelo para prédio novo que o velho não se quer preservar. É urgente criar um projecto como o de Lisboa Abandonada/Renovada para dar forma a uma devolução do centro aos habitantes da cidade e para que daqui a uns anos não se lamente o abandono desse espaço urbano. E apoiar com benefícios fiscais quem queira reconstruir/recuperar/ restaurar essas casas.

[Outro desmazelo: eram numerosos os mupis e cartazes espalhados pela cidade, quase todos ou todos mesmo de iniciativas da autarquia, que anunciavam eventos de... Março, e não me refiro à feira de Março, que vai até final de Abril. Com a cidade cheia de turistas nada como mostrar o que já se fez para esconder o que não se tem.]

threesmsing

Ele dá-lhe um beijo afogueado, ela por cima do ombro responde a um sms. Ao lado, a amiga dos dois disfarça, quase sem olhar, mãos nervosas a teclar no telemóvel um "tirem-me daqui" ou um "beija-me também".

8.4.07

Pesakh

A liberdade, também hoje.

7.4.07

Cidade

Saio. A noite de Aveiro vai fria, a solenidade da procissão que cruza a noite de sexta, casas abandonadas num roteiro de desmazelo e de uma cidade que não se cuida, reencontro com amigos acompanhado de vinho e palavras, um filme de paixão que violenta o corpo e o espírito. Sexta-feira, a antecipar a vida.

6.4.07

Publicidade

A Câmara de Lisboa ordenou a retirada imediata do cartaz dos Gatos (hoje, às 9 da manhã já lá não morava). Diz que não tinha sido dada autorização, mas mesmo que a pedissem não podia ser dada. Segundo o Público, «o Marquês de Pombal é uma praça classificada pelo Ippar, o que significa que não é permitida a afixação de cartazes publicitários num perímetro de 50 metros. No caso do PNR, a colocação é legal, ao abrigo da lei da propaganda política».

Notável: os políticos encartados (no caso, o vereador António Prôa) adoram criticar o desinteresse dos cidadãos pela sua notável prática, mas quando os cidadãos intervêm cívica e politicamente, os seus actos são tomados como publicidade. Compreende-se: assim se publicita a má resposta política dos profissionais encartados.

A tempo

O repórter vai ao baú para retomar o tempo de edição. Padres-cibernautas, paróquias a jacto. «Bem-hajais pelo vosso interesse».

Ubi caritas est

um ano, na celebração de lava-pés, os ritmos eram outros, numa língua imperceptível em que o essencial era dado pela beleza das palavras e da música e do templo. Hoje, fim de tarde, o tempo da ceia foi noutros ritmos, numa cadência à volta da mesa, num templo cheio, a festa da primeira comunhão. Entre um e outro momento, entre o silêncio e a festa, o essencial é invisível aos olhos.

[A X., minutos depois do seu dia de anos]

5.4.07

Com humor se ganha

Com portugueses não vamos lá!
[dica de Luís Azevedo Rodrigues; Foto: Sérgio B. Gomes/PUBLICO.PT;
clicar na imagem para ver melhor]

Importam-se de repetir?

[cartaz do PSD, junto à Estrela; foto MM]

Mais alguns

«3070 milhões de telespectadores assistiram à transmissão do jogo Benfica x FC Porto. De acordo com um estudo da Marktest, a partida emitida pela Sport TV foi vista maioritariamente fora de casa, já que 2,5 milhões de telespectadores viram o jogo sem ser na primeira habitação.» Contaram com os 30/40 portugueses que estavam enfiados no Café Portugal em Londres?

4.4.07

Sem contradição

Escreve a AFP citando um inquérito feito aos candidatos franceses sobre religião: «François Bayrou se définit comme un catholique pratiquant "et en même temps laïque".» Não há qualquer contradição, entre católico e laico (eu prefiro o termo secular), mas os franceses (e Mário Soares, por "oposição") acham que sim e, por isso, Bayrou tem de afirmar esta dupla condição que é óbvia.

Iníquo

Apresento a carta com o prazo de apresentação, o BI sacrossanto neste país e saio com novo papel e nova data. Podia ser na esquadra, mandaram-me ir à junta de freguesia.

Marquês



Um início de noite com cores que rasgam o céu, indiferentes a um único cartaz que fez estremecer o país que esquece os migrantes (e-/i-) nos restantes 360 dias.

Páginas de Vida

A telenovela da SIC é um rosário de lamentações, uma ladainha de desgraças. Valham-nos (algumas) nossas senhoras que por ali se passeiam.

3.4.07

Uns são deputados, outros enteados

Eu, desempregado, tenho hoje de me apresentar na junta de freguesia, para verem que estou cá, que não fugi para parte incerta, 15 dias depois de ter ido ao centro de emprego. Para evitar fraudes, dizem-me. Não me convenço, mas lá vou. Os senhores deputados defraudaram a função e os eleitores no ano passado faltando às votações da sessão de quinta-feira santa. Este ano, para evitar novas fraudes, o Governo alargou a tolerância de ponto a todo o dia de quinta.

Home Alone, parte IV (telefones de urgência)

213930845 ou 707221122.

Home Alone, parte IV (kit de sobrevivência)

E há mais vida...

... para lá deste país, quando se está noutra terra, tanta terra. E se descobrem outros problemas, os mesmos problemas, manchetes de jornal com palavras iguais, pessoas com preocupações idênticas. Mas respira-se outro ar. Quando se regressa, o ar volta a estar viciado. E não falo do Salazar-grande. Esse é bafio que sobra.