31.5.06

Beco da Bolacha


[foto daqui]


Éramos três na casa do Beco da Bolacha, imigrantes em Lisboa. E os três aprendemos a deixarmo-nos cativar por Lisboa. O Filipe e o Pedro ao ouvirem a notícia dos jacarandás, que não temos nas nossas terras, correram a dar ou a comentar a notícia. Os amigos são assim. Guardam na memória estas pequenas coisas.

[Jacarandá é o nome vulgar dado a várias espécies de árvores de madeira densa e escura, muito apreciada na confecção de mobiliário e soalhos, diz a Wikipedia. Nós preferimos admirá-los nas ruas, floridos.]

Lançar a notícia

Maria Sharapova, hoje.

Antecipo a notícia

Amanhã, 1 de Junho, dia da Criança, a Feira do Livro abre às 10h. Para adultos com sorte.

[E há jacarandás nas alamedas em redor.]

A notícia que voa

A rápida subida da temperatura destes dias poderá ser a causa da concentração, em poucos dias, de borboletas castanhas da espécie «mariposa gamma», gigantes e que me invadiram a casa. Esta notícia prova que não é a (minha) habitual acumulação de jornais...

30.5.06

Espalhem a notícia

Os jacarandás do jardim das Necessidades já abriram todos. Pela cidade, outros se exibem, exuberantes, magníficos.

[Eu sei: já muitos deram notícia, mas hoje ao passar ali lembrei-me disto. E Lisboa também me mantém cativo por eles.]

Come o papa, 1, 2, 3, uma colher de cada vez

É assim, faça o que fizer, o homem terá sempre à perna guardiães do politicamente correcto. Se ele ontem perguntou onde estava Deus em Auschwitz, logo lhe atiram onde está todos os dias, onde estava o Vaticano na II Guerra (e escreve-se mais uma vez a História ao nosso jeito), onde estava na minha bica escaldada ou daquela vez que esfolei o joelho a andar bicicleta. A pergunta que nunca se fazem estes guardiães é onde estão o homem e a mulher, nestas alturas todas? Esperam que deus lhes faça tudo, enquanto blogam e peroram contra o mundo, esse gajo chato.

Tumble dry low
[cuidados a ter*]


Late Night fans will enjoy wearing this shirt, which features a cartoon face of Conan O'Brien on the upper left front of the shirt. The left sleeve features the Late Night With Conan O'Brien logo with moon and stars. This shirt is made of 100% cotton and comes in your choice of navy or ash. Machine wash cold. Do not use chlorine bleach. Tumble dry low. Made in the U.S.A.

* - a minha tem o padrão azul.

29.5.06

[essa agora]

O velhote no Jardim da Parada tenta compor os trocos do mês. Para venda, um volume das obras completas de Eça de Queirós e... oito bandeirinhas de Portugal.

28.5.06

O tempo (noite)

Este calor vem de África, dizem-nos os especialistas. Lembro-me bem, apesar da curta estadia, e dos nove anos já passados: húmido, pegajoso, colado à pele. Que parecia aliviar com a chuva ou o cair da noite - mas era mentira: continuava húmido, pegajoso, colado à pele. E trazia consigo os mosquitos. Como hoje, também nos contaram das praias da Caparica, como senti eu no fim de tarde de sexta na Feira do Livro (lembro-me de ter dito isto). E depois há um silêncio, apenas cortado pelo murmúrio da cidade que se ouve ao longe ou o trovoar do avião que passa por cima das casas. A cidade assim parece mole. Mas haverá quem procure estrelas no céu.

O tempo (II)

Lá fora, torra-se. Aqui, refresca-se com o ar condicionado. Não quero olhar pela janela e ver o sol, enquanto trabalho.

[actualização: estranha "gestão do edifício" esta, que acha que aos domingos o sol quando queima é para todos e desliga o ar condicionado.]

27.5.06

O tempo


Farenheit 451, de François Truffaut

Os termómetros vão subir hoje até aos 37 graus em Santarém, aos 33 em Portalegre, 34 em Coimbra e Lisboa, 33 em Portalegre e 32 em Bragança. No Algarve, a temperatura vai estar mais fresca: a máxima prevista para hoje em Faro é de 26 graus.

A primeira compra na feira


Sin City - A Grande Matança, de Frank Miller [Devir].

Hot spot

A feira do livro continua a ser o meu local favorito para reencontros.

26.5.06

Destilar

Lisboa, sol, luz, calor. Passear por entre obras, carros, confusão. E destilar. A feira do livro, a subir e descer o parque, pelo fim da tarde será o remédio para este dia.

No tapete

A MTV é um excelente canal, visto da passadeira. Vê-se a Shakira, sem se ouvir.

[dia solto]

Quem sabe se a primeira passagem pela feira do livro, logo à tardinha. E talvez a FNAC, antes da feira, para gastar o cheque-disco.
Passar na Carris a levantar bilhetes de borla, depois de "justa reclamação do senhor Marujo".

KO


Aqui há direita tenho a mania de escolher uns blogues que ando a descobrir, que por este ou aquele motivo merecem destaque. Classifiquei-os como «KO!» - podem pôr-me nocaute! Gosto de os ler e ver. E deixo-os ali, uns tempos, antes de os arrumar nas outras categorias, para que outros os descubram também. E gostem, odeiem, ignorem... Mas, até hoje, nunca tinha tido um KO literal!

* - a imagem é do filme Olhos de Serpente, de Brian de Palma, em que um dos boxeurs (à esquerda) finge perder por KO.

Em casa própria

Parece que no Clube de Jornalistas desancaram no «mau jornalismo» dos «gratuitos» (sem que estivesse lá alguém destes), metendo tudo no mesmo saco. Mas depois referiram vários exemplos de mau jornalismo: «Uma capa do 24 Horas, outra do Expresso, a leitura do direito de resposta de Carlos Cruz na TVI, o caso do "arrastão" de Carcavelos.» Tudo jornais grátis.
«A globalização desregulamentada a que assistimos é uma revisita, em termos mundiais, do capitalismo selvagem do século XIX, uma nova fonte de desigualdades sociais. Em todo o mundo se aprofunda de modo gritante um fosso entre os mais ricos e os mais pobres.» [Terra]

25.5.06

Momentos assim. Únicos


[Foto TIAGO PETINGA/LUSA]

Arrastão

O Daniel volta a agitar águas. Ao seu estilo.

Timor-Leste

A seguir aqui: imprescindível.

Estado da saúde

Ao folhear o «boletim individual de saúde» (provavelmente o livro mais antigo que me acompanha) descubro que fui vacinado com a anti-variólica um dia antes de... nascer.

24.5.06

Férias

Na próxima viagem de férias serei, mais do que um turista, um programa de vacinação completo da OMS.

23.5.06

Já a rodar na chafarica



The people have heard the news
The people have spoken
You may not like what they said
But they weren't jokin'

Way out on the desert sands
Lies a desperate lover
They call her the "Queen of Oil"
So much to discover

Don't need no ad machine
Telling me what I need
Don't need no Madison Avenue War
Don't need no more boxes I can see

Covered in flags but I can't see them on TV

Don't need no more lies
Don't need no more lies
Don't need no more lies
Don't need no more lies

The restless consumer flies
Around the world each day
With such an appetite for taste and grace

People from around the world
Need someone to listen
We're starving and dying from our disease
We need your medicine
How do you pay for war
And leave us dyin' ?
When you could do so much more
You're not even tryin'

Don't need no TV ad
Tellin' me how sick I am
Don't want to know how many people are like me
Don't need no dizziness
Don't need no nausea
Don't need no side effects like diarrhea or sexual death

Don't need no more lies
Don't need no more lies
Don't need no more lies
Don't need no more lies

The restless consumer lies
Asleep in her hotel
With such an appetite
For anything that sells

A hundred voices from a hundred lands
Need someone to listen
People are dying here and there
They don't see the world the way you do
There's no mission accomplished here
Just death to thousands

A hundred voices from a hundred lands
Cry out in unison

Don't need no terror squad
Don't want no damned Jihad
Blowin' themselves away in my hood
But we don't talk to them
So we don't learn from them
Hate don't negotiate with Good

Don't need no more lies
Don't need no more lies
Don't need no more lies
Don't need no more lies

The restless comsumer flies
Around the world each day
With such an appetite for efficiency
And pace...

Don't need no more lies.

Barbaridades

Recebi um e-mail da Cunha e Vaz. Já sou candidato a uma linha numa edição revista e aumentada do livro de Carrilho.

Muito cá de casa

A notícia tinha embargo e foi revelada hoje. E enche-nos de orgulho.

22.5.06

A evolução de um país

O mesmo casal francês que jantava a meu lado, no sábado no Largo do Carmo, passeava-se hoje pelo El Corte Inglés.

Afinsa-lhes

Na Dia D, revista de economia do Público, explica-se aos filatelistas por que é que ficaram a arder: "[...] havia algo que, por violar uma das regras basilares da gestão de activos, deveria ter levantado a suspeita dos investidores — a "rendibilidade grátis" prometida, ou seja, sem risco. Como demonstrou Harry Markowitz, prémio Nobel da Economia de 1990, não se consegue uma rendibilidade superior sem aumentar o nível de risco — esta é, no fundo, a aplicação ao mundo dos investimentos do ditado popular 'quem não arrisca, não petisca'."
Pois, pá, para a próxima, queres selos? Lê o Markowitz!

Preocupações

A manhã esteve fresca. Saí de casa com uma peça de roupa a menos: uma camisola.
O primeiro botão da camisa fica muito apertado. O segundo largo.
A depilação quase diária do rosto resolve-se com after-shave. Prefiro o da Tommy, mas a cara fica ainda mais fresca numa manhã destas.
Serei metrossexual?

Outros códigos


Google hoje.

21.5.06

O Código de hoje

«Um gnóstico que acordasse em 2006 acharia Joseph Ratzinger um verdadeiro Hugh Hefner.» [Pedro Mexia]

O texto pode ser lido aqui na íntegra (e não o cito só por elogiar um certo jornalista que eu cá sei).

[tarde de chuva]

... to a very special hidden lady, na voz de Stephen and the Colberts.

[in The Colbert Report]

Preservar os graffiti

Rua Capitão Afonso Pala, Lisboa (aqui perto; mas de autoria desconhecida)

Lições da História

[em Bosra, Síria, o meu amigo CC é inquirido]
Portugal? Benfica ou Porto?», inquire o homem, sábio. Na verdade, só um descendente directo das civilizações sérias sabe destrinçar à primeira o essencial do acessório, a pedra que fica das cinzas que dispersam. «Benfica!», respondemos em uníssono, orgulhosos mas com a humildade que nos confere a moral superior dos benfiquistas.
«Ah! Benfica, Rui Costa!».
«Sim, Rui Costa», alegramo-nos com o grande sírio. Quem, gostando de futebol, não reconhece que o Rui Costa, além de ser o melhor jogador português da sua geração, é do Benfica, não entende nada de História."

[diz-se que a História se repete: volta, Rui.]

20.5.06

[noite e dia]

Voltar ao Chiado, jantar na esplanada do indiano do meu largo preferido de Lisboa, o do Carmo (foi por aqui que comecei a descobrir a cidade, foi aqui que o país se desempoeirou), rir com amigos, banquetearmo-nos na Häagen-Dazs, por entre histórias de médicos e doentes. Movimentos diferentes para um dia com variações a piacere, brincadeiras soltas. Seu Jorge nos intervalos, cantando Bowie em português, «a trajetória escapa o risco nu/As nuvens queimam o céu, nariz azul/Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu/Na lua o lado escuro é sempre igual/No espaço a solidão é tão normal/Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu».

[dia e noite]

Um final de tarde quase perfeito. O cabelo ficou por cortar, mas desci o Chiado e mergulhei na FNAC. No bolso, a companhia de Seu Jorge, um peixe fora de água, ou David Bowie em português.

19.5.06

Fumo, mas não inalo

"Como já tenho dito numerosas vezes, não vejo blogues. [...] Mas não deixo de ver a transcrição que vem nos jornais de algumas coisas que por lá se passam." [Eduardo Prado Coelho, hoje no Público]

Insomnia

O primeiro sinal de que muitos cafés (e um relatório para corrigir) prolongaram a noite para lá do óbvio é o restolhar nas árvores de pássaros que em breve se transforma em alegre sinfonia. O segundo sinal é o primeiro autocarro a passar na rua. O problema é que para combater o sono bebem-se mais cafés. Há maneiras mais simpáticas de ficar KO!

Saudades de uma livraria assim

El Ateneo Splendid, Buenos Aires
(foto MM, Dez/04, na queda de Santana).


Ali conhecem-se as coisas que se vendem. Acarinham-se livros. Pergunta-se ao empregado e ele aponta-nos várias hipóteses, que se revelam boas surpresas. Depois, há o café, no antigo palco, onde se pode ler o que está na loja. E a música para ouvir, no "piolho" da antiga sala de teatro. Por estes dias, vou voltar a subir e a descer o Parque, para a Feira do Livro. Antecipam-se as mesmas barracas, as mesmas queixas, os mesmos livros do dia ou saldos. Neste sobe e desce, restam os gelados, as farturas, os encontros ocasionais com os amigos. E os livros, esses velhos conhecidos. Saudades do Ateneo...

O sexo e o tribunal

«Age sem culpa a mulher que, ao regressar a casa, acompanhada de um casal e de um filho deste, por volta das 24 horas, três vezes por semana, após as cerimónias da sua religião, chamava ao marido "garoto", "bandido" e dizia-lhe "o que tu precisavas era de ser corno", respondendo-lhe, assim, às perguntas dele: "donde vens? quem foi o teu acompanhante?".»

Eis uma compilação de utilidade pública: o que se escreve nos tribunais sobre sexo.

18.5.06

A liberdade passa por aqui

O Tribunal Cível de Lisboa considerou hoje "improcedente" e indeferiu a providência cautelar requerida pela escritora Margarida Rebelo Pinto e a editora Oficina do Livro contra a obra "Couves e Alforrecas" por falta de prova dos requisitos. [da Lusa]

São Gonçalo casamenteiro


Chega-me ao e-mail o programa das festas de Amarante, mais um casamenteiro para contrapor ao comercial São Valentim. Rosquilhas e cavacas são os doces amarantinos típicos para a época. Casamenteiros, visto.

[legenda]

Na SIC Notícias, a legendagem não engana: o Opus Day está contra o Código Da Vinci. Deve ser piada de um militante da copus night.

[picos]



Os cromos têm destas coisas. Sem escândalos afinsícos e já teria a caderneta completa.

17.5.06

Opus cut

Amanhã estreia Código Da Vinci, ontem apupado em Cannes. O Opus Dei já anda a fazer propaganda ao filme, invectivando o filme e (certamente) quem o ver e gostar, em nome dos "cristãos". Eu não li o livro, não sei se verei o filme. Não é por nada, mas também não me lembro de ter passado procuração ao Opus Dei para falar em meu nome (assim como a Obra não gostará que eu fale em nome deles em matéria de sexualidade). Adiante.

O meu ponto aqui é outro. Enquanto os senhores da Obra andam preocupados com este filme, deviam antes aplaudir, publicitar e propagandear "Mary" de Abel Ferrara. Ainda não vi, mas só pelo que a Rita conta (aqui e aqui) tenho a certeza que valerá a pena ser visto por todos os "cristãos". Mas isto se calhar não interessa à Obra.

Cova da heresia [act.]

Post original revisto e aumentado na casa do lado.

Um táxi assim - do mundo

«Na cultura, no desporto, nas medalhas olímpicas... são portugueses; nos assaltos... já são africanos!» [Manuel Sequeira]

Uma grande descoberta, esta: O Fogareiro, via A Origem das Espécies.

16.5.06

Um jornal assim


O Independent, hoje, editado por Bono.

Código Afinsa

Nisso da gestão com saber acumulado teria de pedir ajuda à Obra, o que vai contra os meus princípios. E ainda me arriscava a uma campanha mediática dos militantes da Obra...

Santo Anselmo

Perdoem-me a imodéstia (e o machismo, para alguns). Cito o elogio de Pedro Mexia a E Deus Criou a Mulher: «E relembro que para os homens hetero do continente e ilhas o melhor blogue português continua a ser este, um sítio que acumula provas da existência de Deus que nem Santo Anselmo conseguiu

15.5.06

Eu não fui convocado

Do que não gostei da convocatória: Gilberto Madaíl a pedir que os jornalistas sejam acéfalos "em nome de Portugal"; um jornalista a começar uma pergunta a Scolari confirmando que será acéfalo.

Esqueçam Marilyn...



...por uns momentos (a cantar "Happy birthday, mr. President"), e ouçam até à exaustão o primeiro tema deste álbum: "Summertime" na voz de... Scarlett Johansson! Arrepiem-se. (OK, é só um excerto, mas arrepiem-se.)


[agradeço a referência e o link de um leitor muito atento, J.J. Obrigado!]

14.5.06

Cova da heresia

A 13 de Maio fui a uma quinta no Lumiar conversar com um grupo de pessoas sobre o que move as gerações novas, a convite das irmãs dominicanas. E ali se desempoeirou ideias e preconceitos, também sobre a sexualidade e o corpo. Lá longe, o reitor do Santuário de Fátima voltou a atacar o sexo, o prazer, o divórcio. Como pano de fundo, uma imensa tarja a dizer "Guardai castidade". Apetece-me pedir: guardem castidade nos vossos pensamentos. Não há pachorra para alguma Igreja que insiste na diabolização do mundo!
Alguma Igreja devia perceber que o sexo é bom!
Alguma Igreja devia perceber que o prazer é bom!
Alguma Igreja devia perceber que o divórcio por vezes é uma solução!
Alguma Igreja devia perceber que está na hora de deixar o discurso miserabilista do sofrimento — e carregar na tecla da esperança.
Alguma Igreja devia viver e ser feliz e deixar os outros viverem e serem felizes.

Esta alguma Igreja não é toda a Igreja. Nem é a maioria, como confirmou uma sondagem do Correio da Manhã que revelou o óbvio: que o preservativo não choca os católicos, é um bem acessório e não um mal menor. Mas também a comunicação social podia descobrir essa outra Igreja que não diaboliza o que não tem de ser diabolizado. Ámen.

Iberista me confesso

Gosto de Espanha, tenho bons amigos espanhóis, Barcelona e Madrid encantam, como Santiago e Sevilha, os Picos da Europa ou Menorca. Gosto de tapas, da siesta e das plazas mayores. Vou à Massimo Dutti e ao El Corte Inglés, que tem uma excelente secção de cervejas europeias. O El País é um dos melhores jornais do mundo e o El Mundo tem uma magnífica revista semanal. Gosto de Almodóvar e de Paz Vega e de Leonor Watling e dos Marlango. Por causa disto, é melhor não me convidarem nunca para ministro das Obras Públicas. Iam acusar-me de traição à pátria, que (de facto) também não sei bem quem é.

12.5.06

Cromos repetidos


[da caderneta A Incubadora]

10.5.06

Tens prá troca?


Confesso: gosto de cromos. De os coleccionar nestas ocasiões especiais. Lembro-me vagamente dos argentinos da caderneta do João em 78, do Zico e do Falcão e do Sócrates na minha primeira caderneta em 82 (mais ainda daquela tarde, de calor, estores baixos, sofrimento alto e estes mágicos a perderem com os golos de Rossi). Ainda fiz a colecção de 86, mas Saltillo não saltou para a caderneta. Talvez tenha feito a do Euro de 84. Já não devo ter repetido a dose em 88 ou 90 e por aí fora. Manias de crescido. Retomei o hábito há quatro anos, para descobrir uma caderneta em várias línguas, sem o Português, e um grafismo muito bué. Mas à minha volta é só crescidinhos, todos falam, mas ninguém faz a colecção de cromos. A coisa é cara (40 cêntimos a carteirinha de cinco figuras). Para que conste: já tenho repetidos o 36 e 192.

[adenda: rapaziada, fui apanhado!]

Estar no mundo, fora da mesa
[post necessariamente cifrado]

Ah e tal, um jantar só de meninas, né... E eu para aqui a coleccionar cromos.

Estar no mundo, não fora dele

"A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça." Hoje na Terra.

9.5.06

Chato

Num chat promovido pelo PortugalDiário questionei o secretário de Estado da Administração Interna sobre a intervenção na Quinta da Torre, em que 600 polícias destruíram casas para apreender 19 armas e deter dez pessoas, das quais apenas uma ficou presa. Resposta: estas acções têm controlo judicial e não se pode empolar mediaticamente uma porta arrombada de quem se recusou a cumprir uma ordem judicial (palavras dele).
Aguardo serenamente idênticas intervenções, por exemplo, na Quinta da Marinha, onde se mantém arame farpado que impede o acesso livre à costa.

8.5.06

The go-between


Robert Forster & Grant McLennan (ao fundo)


"On Saturday 6th May, legendary Australian singer songwriter Grant W McLennan died in his sleep at his home in Brisbane." Esquecer tudo, arrumar as preocupações. E ouvir até à exaustão: The Go-Betweens.

[notícia via Capas de Culto]

Inquilinos

Os condomínios, contam-me amigos, podem ser locais perigosos (lá no prédio, a administração adia a inevitável reunião). Reuniões que acabam quase ao estalo, ranger de dentes e lágrimas. Por causa do cão que ladra, do bebé que chora, da música berrada ou da roupa que é suja depois de lavada — ou de varandas fechadas. É um retrato do país, certamente. Um microcosmos de violência latente, insultos mesquinhos, vitórias pequeninas. Lembrei-me disto por causa do cão que ladrou este fim-de-semana bem cedo. E do congresso do CDS-PP.

Novo inquilino (o incómodo)

O cão ladra, a caravana passa mas eu continuo a viver no andar de baixo.

Sem lugares comuns

Dois dos meus dois bloguistas favoritos (o Lutz, compincha da Terra, e o Afonso-bombix) juntaram-se a outros dois escribas de primeira água para fazer um blogue incomum. Quem decretou o fim da blogosfera voltou a precipitar-se.

7.5.06

Opção preferencial pelos pobres

O altruísmo do Benfica mostrado até à última: garantir ao Paços de Ferreira a permanência, fazer com que o Sporting se aguente um pouco mais na Champions.

Neste dia, o sorriso louco das mães

No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível ser reencontrado por dentro do amor.

Herberto Hélder

6.5.06

CPM*

«Como é que se reabre um blogue? Voltando a dar-lhe corda. Enchendo o depósito. Chamando o resto da turma. Arrumando a pistola no saco. Perdendo a vergonha na cara.» Redescoberta da rapaziada que volta a querer casar. Eu recomendo-lhes vivamente este estado civil (e este também, claro).


* - erradamente chamados de cursos de preparação para o matrimónio, a sigla significa na realidade Centros de Preparação para o Matrimónio.

O mal maior (comentado)

Vai animado o debate em torno do meu comentário ao comunicado dos bispos portugueses sobre o preservativo-mal-menor, na Terra da Alegria. Insisto num aspecto, que acho sair reforçado pelas intervenções lúcidas de CA (e espero não as estar a sublinhar abusivamente em defesa da minha tese): «O bem acessório da declaração da semana passada esquece que o prazer para a Igreja-oficial-hierárquica continua a ser o mal maior». O que digo é que continua a existir uma clara incapacidade de Roma e da CEP de alguns sectores da Igreja dissociarem a relação sexual da procriação. O que mantenho é que o prazer é parte integrante de uma relação a dois, que se quer criadora de vida. E gerar vida, não é apenas procriar: é também a descoberta mútua dos corpos pelo casal. E, aqui, a Igreja-hierárquica continua a querer amputar-nos o corpo. O preservativo, disse-o, é acessório.

5.5.06

Off

É impossível tentar ver um filme ou uma série a desoras. Mais desoras ficam com os intervalos de 20 minutos, depois de 8 ou 10 minutos de emissão. Seja na RTP-de-serviço-público ou na SIC ou TVI. Depois admiram-se que os canais de cabo (apesar do má que é a TV Cabo) ganhem adeptos e o AXN seja o mais visto do mês. Ponham os olhos nisto.

4.5.06

O latino errante

A miserável Bolívia caminha para a miséria, argumentam os detractores da direita. JMF viaja pelo essencial deste país encravado nos Andes: "Há quem [...] preveja que Evo Morales vai conduzir a Bolívia para o «inevitável desastre económico».
É claro que, até agora, a Bolívia constituía uma espécie de paraíso na terra: «Bolivia is one of the least developed countries in South America. Almost two-thirds of its people, many of whom are subsistence farmers, live in poverty." E acrescenta um argumento, que aflige a direita: tudo isto se faz com governos democráticos. E não com os fantoches que Washington plantou (nos anos 70 e 80) no que considerava o seu quintal.

Afirma Pereira

O judeu errante partiu para terras de Budapeste. Dias depois de também ter andado por lá, descubro uma cumplicidade na experiência e na descoberta da terra, das gentes, da política e da língua. Mundo próximo, este.

3.5.06

Velhos hábitos


A GNR apresentou - em frente ao Presidente da República e ao primeiro-ministro - o Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro, nova força na área da protecção civil, hoje, durante as cerimónias do 95º aniversário da corporação, na Praça do Império. Ninguém terá dito a estes senhores que há outras maneiras de prestar juramento, ou coisa que o valha?

[foto INÁCIO ROSA/LUSA]

O mal maior

"Nada mudou, pouco se fez e o discurso aparentemente revigorante dos bispos portugueses, com direito a manchetes e aberturas de telejornais, choca no óbvio: o bem acessório da declaração da semana passada esquece que o prazer para a Igreja-oficial-hierárquica continua a ser o mal maior. Ficamos mal." [na Terra, desta semana.]

Deus é brasileiro


clicar na foto para ver Maradona canarinho: um pesadelo!

2.5.06

Pobre país, o nosso

Ele vai embora. Ela faz greve. O Cavaco é presidente. E não querem que andemos deprimidos.

Moralestas

Evo Morales anunciou a nacionalização do gás e petróleo na Bolívia. Num país pobre, faz sentido que o Estado queira gerir os seus recursos, depauperados por empresas estrangeiras. Em Portugal, não faltarão os liberais do costume que se arrepiarão com a medida. Esquecem-se que são eles os primeiros a gritar aqui del rei com a alegada invasão espanhola na banca e serviços. No fundo, estes liberais portugueses são uns moralestas.

1.5.06

Mal menor

Os bispos portugueses (e não a "Igreja" ou os "padres", como muitos escreveram) disseram que o preservativo "é um mal menor". Não é. É um bem acessório.

bem, do Lat. bene, s. m., utilidade; benefício; acessório, do Lat. accessoriu, adj., que anda anexo e acompanha o principal; secundário.

Primeiro de Maio sempre


Em Barcelona: todos diferentes, todos iguais

[pub]



[recebi de um amigo do meio do Atlântico, esta proposta tentadora]

No arquipélago dos Açores, a meio da ilha de São Miguel, entre a cidade de Ponta Delgada (11 kms) e da Ribeira Grande (7 kms), com óptimos acessos e em plena reserva agrícola, numa antiga quinta de laranjas com 27 000m2, dispomos de dois apartamentos T1 completamente renovados, num estilo rústico moderno e confortável, que estão instalados na extremidade duma casa de arquitectura rural e agrícola.
Os apartamentos têm cerca de 50m2 e são compostos por 1 quarto de cama, uma sala, cozinha completamente equipada, casa de banho com banheira, e chuveiro. Dispõem ainda duma zona ajardinada ideal para um descanso ao fim do dia, ou um pequeno-almoço ao ar livre.
O quarto principal está habitualmente equipado com uma cama de casal e existem dois sofás-cama na sala. É possível alterar o tipo de camas, bem como instalar uma alcofa ou berço para bebés.
Temos todo o gosto em dar todo o apoio necessário antes e durante a estadia.

Contactos:
Nome: Paulo Decq e Inês Sá da Bandeira
E-mail: paulodecq@gmail.com
Ver também este site.