31.8.05

O taxista que gosta de toponimia e nunca leu Camões

"Desculpe que lhe pergunte, quem foi Possidónio da Silva, sabe?" O taxista já velhote queria saber, eu respondi-lhe aquilo que o busto da rua e a internet me ensinaram: geógrafo, arquitecto, responsável pela reconversão do Mosteiro de São Bento nas Cortes. E o taxista revela-me o seu gosto pela toponimia, melhor, por saber que vidas se escondem naquelas placas de rua. É bom saber, diz-me. Para logo citar Camões, "nunca li nada dele, aquelas coisas malucas que ele escrevia, apenas ouvi dizer, havia um programa na rádio há anos, que começava com uma frase dele..."

E aqueles, que por obras valerosas, Se vão da lei da morte libertando, recita. Sem nunca ter lido Camões, a olhar as placas da rua. E sem pensar que a frase era uma metáfora para fechar o dia em que Soares se candidatou.

[nota]

O CC fez anos. A prenda está na casa do lado.

[telegrama]

Soares igual a ele próprio. Será bom? Ou mau? Julgo que será menos mau do que se diz. E o PSD igual a ele próprio — uma "candidatura partidária", atacou Paula Teixeira da Cruz. Cavaco Silva já entregou o cartão?

Blogday


Hoje é dia dos blogues.

30.8.05

Política classista

A taxa de pobreza nos EUA aumentou para 12,7 por cento da população em 2004, o quarto aumento anual consecutivo, adiantou ontem o Centro de Estatísticas americano. No total, 37 milhões de pessoas, mais 1,1 milhões face a 2003.

Bonjour Tristesse


Ele promete hoje dizer tudo. Não percebo o que seja, se será uma candidatura para acabar com os afectos, ou apenas um muro de lamentações. Mas aquilo que hoje Manuel Alegre dirá deixará marcas: no PS, em alguma esquerda e em Mário Soares. O resto, é o estertor da silly season política. Mas algo que ainda ninguém me convenceu é que Alegre representa a renovação, o corte com o passado, a ruptura com a velha política. Cavaco, Soares e Alegre são símbolos de uma mesma época, que concorre para o Senado final.

29.8.05

Natureza classista

"No Superdome, um estádio de futebol americano com capacidade para mais de 70.000 pessoas, estão desde domingo instaladas cerca de 10.000 pessoas, na maioria pobres ou sem família, que não tinham recursos para abandonar a cidade [de Nova Orleães]."

Microcausas

A EDP dignou-se hoje a dizer-me quanto me vai devolver, do dinheiro que me roubou, um mês depois de ter anunciado publicamente que o ia fazer. A Lisboagás, que também me cobrou ilegalmente dinheiro não anunciou publicamente nada, mas tratou de me enviar a nota de crédito e pagar-me o que me deviam. Sem juros de mora, sem desculpas, mas sem estardalhaço. A EDP não: gritou alto, mas demora a pagar.

28.8.05

Ainda é Agosto

Importam-se? Acabar de vez com isto?! Fogos, presidenciais, autárquicas, Ota e têgêvês que nem sei bem o que é. Pá, venha lá a bola, mesmo que os jogadores do Benfica hádem de ter um avançado de jeito para os ajudar, e venha lá o Outono fresquinho, que isto de tanto calor aquece demais e a Maria já não aguenta, é dos afrontamentos, e eu, a bem dizer, também já não respiro bem, deve de ser do buraco do aozone que eu ouvi o Júlio Magalhães a explicar na TVI (a minha Maria diz que é da cerveja, mas onde já se viu uma mine fazer mal?!) Pá, tou farto. Isto é Agosto! Já nem se lembram de que é férias. E dantes é que era: as matas limpinhas, não havia incêndios, pá, o salazar mandava tudo pá choça e os jornais também não diziam nada. E os fogos eram a preto-e-branco, um gajo não se excitava a vê-los, como agora dizem p'aí. Eu por mim vou ali ler a bola e volto já, mas importam-se de se acalmarem?!...

26.8.05

Hábitos

Uma pessoa habitua-se, como pediu Sebastião, na noite de muitas esperanças, depois defraudadas. Hábitos que não fizeram o monge. Mas de regresso a um posto de trabalho, que já tinha experimentado, logo confirmo como há coisas que já esqueci e outras que me obrigam a malabarismos vários, como o blogger que não é um mac-user-friendly... Mas uma pessoa habitua-se.

25.8.05

A cartilha Bolton


O Governo de Bush quer introduzir alterações ao projecto de reforma das Nações Unidas: entre as propostas, o embaixador Bolton (que desejou o extermínio da ONU) anunciou querer a eliminação de qualquer nova promessa de auxílio para o desenvolvimento de países mais pobres. Os americanos rejeitam igualmente qualquer exigência sobre a luta contra as alterações climáticas ou qualquer imposição de novo progresso no desmantelamento de armas nucleares nos arsenais das potências nucleares. Em contrapartida, querem introduzir apelos a uma acção mais firme contra o terrorismo e a disseminação de armas de destruição maciça ou, ainda, referências à promoção dos direitos humanos e da democracia. Washington pretende impor um melhor controlo sobre as despesas da ONU e retirar qualquer referência ao Tribunal Penal Internacional. As propostas americanas estão a encontrar forte resistência entre os países mais pobres. A nossa direita rejubilou com a nomeação deste senhor Bolton. E deve regozijar mais com esta cartilha. Definitivamente, o mundo promete ficar ainda mais seguro (Bush dixit).

Conveniência de fundos

A coluna da direita aceitou, tolerou e aplaudiu até o desastre Santana. Agora, rebaixa Santana (o fundo dos fundos) para atacar ainda mais Sócrates (descobriu-se um fundo falso, dizem). Os fundos afinal também servem as conveniências.

Dias mais pequenos

Às 6h45, a noite ainda teima com o dia.

24.8.05

Carreira 171

O velhote interpela o motorista do autocarro:
- Vai para onde o carro?
- Para o cemitério...
- Para o cemitério? Não quero. Só quando morrer...

Cantinho do hooligan [a homenagem]

O Sporting vai poder tentar de novo o assalto à final da Taça UEFA.

23.8.05

Sem nenhum pretexto

A voz das terras do nunca parece querer dizer adeus. Assinam-se petições contra, que isto do Verão já teve adeuses em demasia.

[passageiro frequente]

Continuo a viajar todos os dias na Linha de Sintra e não tenho visto por lá a SIC nem nenhum arrastão. Mas devo ser eu, 'tá visto.

a noite do dia



[imagem do filme A Noite do Dia, com realização de Mónica Fraga, 2002]

22.8.05

«Al-Qaeda mata brasileiro»

«Há mortes dignas. Mas morrer com sete balas na cabeça e com a acusação de terrorismo não me parece a mais digna. E menos ainda quando a polícia ainda tentou lançar as culpas para Jean Charles de Menezes dizendo que ele se comportou de forma suspeita. Não me parece que o Dr. Pacheco Pereira gostasse de ser confundido com um perigoso "mullah" por um polícia míope só por causa da sua barba e tez morena.» Eunice Goes responde ao Abrupto - e bem.

Mais: o Ivan aponta certeiro, sobre Pacheco e Pulido Valente: «Às vezes quando se está no estrangeiro torna-se quase difícil de acreditar no nível de insanidade em que se processam os debates portugueses.»

Já não há heróis


Houve quem desenhasse livros de cavalaria, quem pintasse contos de espionagem ou quem fotografasse um homem assustado, perdido. Afinal, era um farsante. Sem pinga de amnésia ou talento para o piano. O homem do piano nunca existiu.

Ranking

Notícias dos courts de ténis.

Intromissões

O Diogo não se intrometeu. Ajudou ao debate. Respigo uma frase, a que voltarei noutra altura, com mais tempo e ponderação, sobre a manif de nazis: «E talvez os jornalistas devessem ter feito muito mais do que assistir impávidos e apontar atentamente nos seus cadernos aquilo que viram e ouviram fazer e dizer...»

Salta-pocinhas


Ricky Wilson, dos Kaiser Chiefs


Aos saltos, o tipo aqueceu as bancadas para os U2, há uma semana. Depois, em Paredes de Coura, aos saltos, aleijou-se. Agora, aleijado, continua aos saltos. Os Kaiser Chieks não serão a «segunda melhor banda do mundo», como disse Wilson, mas talvez sejam a banda com o vocalista mais enérgico do mundo. [foto SkyNews]

21.8.05

Manif

Desculpa a intromissão...

Vi há pouco uma reportagem na SIC Notícias sobre uma manifestação da extrema-direita que terá sido, supostamente, dispersa pela polícia. Ora, a tal reportagem que vi durava uns bons minutos e incluía imagens e sons que deixavam perceber gestos e palavras de ordem e até entrevistas aos organizadores da tal manifestação que foi dispersa pela polícia, que eram identificados como membros de uma organização que se intitula "Frente Nacional".

Bom, apesar de se poder questionar se, tecnicamente, a manifestação foi, de facto, dispersa ou não, a verdade é que eu os vi e ouvi, na televisão, em horário nobre. Ou seja, a mensagem passou.

Os manifestantes insistiram sobretudo na ideia de que não existe liberdade de expressão em Portugal, pelo menos para os defensores da ideologia nazi, e que, no nosso país não existem condições para que os nacionalistas de manifestem ordeiramente.

Se isto não é uma ameaça velada, então eu não sei o que será... E se isto não é uma forma de expressão, então eu já não percebo nada de português... E se aquilo não foi uma manifestação, então eu não percebo nada de psicologia de massas...

Deixando de lado a discussão sobre se deveria ou não ser permitido que este tipo de ideologias se possam organizar e manifestar livremente - que é uma discussão séria de mais para se fazer a partir de duas de treta -, o facto é que eu pensava que este tipo de organizações eram de facto proibidas, que este tipo de manifestações não eram de facto permitidas e que existe responsabilidade civil e até eventualmente criminal da parte daquelas pessoas que foram entrevistadas na tal peça televisiva. Ora, a ser assim, talvez a polícia devesse ter feito mais qualquer coisa, para além de dispersar a manifestação.... E talvez os jornalistas devessem ter feito muito mais do que assistir impávidos e apontar atentamente nos seus cadernos aquilo que viram e ouviram fazer e dizer...

No que diz respeito ao papel e à responsabilidade dos jornalistas, parece-me um assunto bem mais interessante do que a discussão sobre a publicidade e a sua relação com o fenómeno desportivo...

Ah, para que conste, a tal manifestação que foi dispersa pela polícia era para homenagear Rudolf Hess, secretário pessoal e colaborador próximo de Hitler, conhecido entre os militantes da extrema-direita como "o mensageiro da paz", devido ao voo que realizou em 1941 com o objectivo de negociar com os britânicos... Churchill mandou-o prender e devolveu-o à Alemanha, em 1945, para ser julgado pelo Tribunal Militar Internacional de Nuremberga. Nunca mostrou arrependimento e, pelo contrário, afirmou em julgamento que se tivesse a oportunidade voltaria a fazer tudo o que tinha feito. Foi condenado a prisão perpétua... Em 1987, aos 92 anos de idade, suicidou-se.

19.8.05

Coexistir


Hoje, Bento XVI entrou na sinagoga de Colónia. Por estes dias, a descolonização da Faixa de Gaza é um primeiro passo, por pequeno que possa ser, para um caminho de paz.

Agosto assassino

Mês ingrato: o Aviz acabou. Nós ficamos duplamente fora do mundo, castigados. À espera do que aí virá - e a ler os brasileiros, sambas de muitas letras.

18.8.05

Join the big noise


Amaral

Jamelia

Damon Albarn

Thom Yorke



Quatro cantores, de uma lista que inclui outros músicos e actores, juntam-se numa campanha publicitária divertida e certeira, da Oxfam, por um comércio justo: que podemos e devemos apoiar. Junta-te à campanha.

[descoberta via Café Desconcerto]

Betadine

A «Superliga», que era como se chamava ao campeonato de futebol, deixou de ser patrocinada pela Galpenergia e vai mudar de nome: Betandwin.com é o novo patrocinador da liga. Na mesa ao lado, ouvi uma proposta: a Liga Betadine. A minha maior dúvida é outra: vão os jornais passar a falar na Liga Betandwin? Não me admiraria: no basquetebol diz-se e escreve-se «Liga TMN»... E o episódio Mourinho torna-se um capítulo menor desta história.

Dúvidas de ar condicionado

Que temperatura está lá fora?

Dúvidas de prontuário (I)

Bagdade? Então: porque não Madride?

«De novo a seu lado»

O CDS-PP anunciou ontem que vai concorrer à Câmara da Covilhã nas próximas eleições autárquicas, depois de até terça-feira, último dia para a entrega de listas nos tribunais, as estruturas locais do partido terem afastado tal possibilidade. Nuno Reis, estudante universitário, 21 anos, lidera a lista do CDS-PP à presidência da Câmara da Covilhã, numa candidatura que o próprio reconhece ter sido aceite "no último momento possível". [da Lusa]

17.8.05

[cacofonias]

Roger, como se fosse em inglês, Tái-zé, como se se dissesse em português, Pe-dro-gão, fazendo desta a sílaba tónica omitindo a acentuação do "ó"... Os jornalistas têm dificuldade em falar quando as notícias saem de Lisboa ou escapam à língua universal que é o inglês.

definitivamente...


... fora do mundo,
a equipa que imaginou, escreveu e levou até nós um blogue para além deste mundo e do outro

Contemplar o invisível

«Toi, le Christ de compassion, tu nous donnes d’être en communion avec ceux qui nous ont précédés, et qui peuvent nous demeurer si proches. Nous remettons entre tes mains notre frère Roger. Déjà il contemple l’invisible. A sa suite, tu nous prépares à accueillir un rayonnement de ta clarté.»
[oração, esta quarta-feira, na Comunidade de Taizé, em memória do irmão Roger]

[em primeira mão]

O bichinho da seda promete voltar a tecer teias eventualmente com menos regularidade, frequência e elaboração. Não importa: o que interessa é o regresso.

Apagados fogos

O fogo na Pampilhosa da Serra está circunscrito ao fim de cinco dias. Nestes dias, as televisões enquanto discutiam uma eventual discrição na exibição de imagens de incêndios, não pouparam esforços em mostrar o fogo de todos os ângulos e feitios, em especial em imagens nocturnas.

16.8.05

Morreu um Homem bom


irmão Roger, de Taizé

19, Paul Hymans

Endereço obrigatório, de Bruxelas para o mundo, em inglês (e português, quem sabe?), o Diogo estreia-se a solo, depois de ter navegado nas águas da Cibertúlia. Eu que contava com um correspondente na capital do império, afinal anuncio a nova morada do Diogo.

José Ribeiro e casto

O líder do CDS contestado pelo PP continua a fazer política ao fim-de-semana para atacar o Governo de «inacção», em tudo: fogos, preços dos combustíveis... Entretanto, a candidatura de Maria José Nogueira Pinto não se vê nas ruas de Lisboa, tirando uns cartazes sóbrios que têm como rivais os dos outros candidatos e uns novos de... José Ribeiro e Castro - que se apresenta «de novo a seu lado». De quem, exactamente?

Transporte (sem) Garantir Viagem

Num país onde os debates começam sempre pelo telhado e nunca pelos alicerces, vale a pena olhar para aquilo que é o sector ferroviário para entender o possível futuro do TGV. Não sou especialista, mas algo me diz que o país se atrasou também com o desenvolvimento cavaquista das auto-estradas em detrimento da morte lenta da ferrovia. Outro pormenor, que não é menor, prende-se com o modelo bicéfalo de quem manda no sector: temos a Refer, que manda nas infra-estruturas e comanda e controla a circulação; a CP (e a Fertagus, no comboio da ponte, em Lisboa) garante(m) o transporte. É este modelo que é responsável por coisas bizarras como a que ontem se passou em Loulé: dezenas de pessoas perderam o comboio (da CP) porque este entrou numa linha (da Refer) diferente do anunciado. Explicação da CP: a culpa é da Refer, porque a CP pediu para ser alterada a linha de entrada do comboio e a Refer não o fez. Leram bem. A irresponsabilidade não tem limites. Ao pé disto, como querem que existam já estudos concretos para a viabilidade do TGV? Entraria na linha errada, certamente.

Ordem da Liberdade (encore)

«O concerto dos U2, no Estádio Alvalade XXI, foi muito mais do que um espectáculo de luz e de som. Foi a prova que existe um país que é capaz de se mobilizar quando acredita na mensagem.»
(Rui Costa Pinto, in Visão)

15.8.05

A valsa das medalhas

Há um certo país que rejubila com Manoel de Oliveira a ser condecorado em França ou Figo a ser escolhido como o melhor jogador do mundo. Que se envaidece com o êxito dos Madredeus ou sorri com actores portugueses elogiados nas novelas da Globo. Que nunca leu Saramago e gosta de falar mal dele mas que diz que um Nobel é um Nobel. Que aplaude a conquista do Brasil por João Pereira Coutinho e a ida de Durão para Bruxelas. Esse certo país detesta Jorge Sampaio e não percebe que as medalhas ontem entregues aos U2 são um símbolo de alguém que luta contra a pobreza. Se calhar, percebe. Esse certo país no fundo não detesta Sampaio e as suas medalhinhas. Esse certo país odeia pretos e pobres. É racista, provinciano, mesquinho e pequenino.

[ADENDA: o texto de jmf, regressado - e bem -, é outro exemplo desta valsinha das medalhas]
«As férias exemplares. No país onde os juízes, professores e mais uns tantos têm meses de férias. No país onde cada feriado equivale, em média, a dois ou três dias de ausência do trabalho, entre pontes e outros expedientes. No país onde os servidores do Estado têm um vasto leque de cláusulas que legalizam a balda. No país que tudo faz para garantir as mais baixas taxas de produtividade do mundo civilizado e do outro mundo. Nesse país, clama-se que o primeiro-ministro não pode ir de férias. Porque o país «está a arder», como esteve em todos os verões da nossa memória. Porque, obviamente, o exemplo tem de vir de cima. E nós, sem exemplo, somos lá capazes de sobreviver.»

Ordem da Liberdade


[«um, dois, três, catorze»: electrizante]
(foto: António Cotrim, Lusa)

13.8.05

contagem decrescente

If you twist and turn away.
It you tear yourself in two again.
If I could, yes I would
If I could, I would let it go.
Surrender, dislocate.

If I could throw this lifeless life-line to the wind.
Leave this heart of clay, see you walk, walk away
Into the night, and through the rain
Into the half light and through the flame.

If I could, through myself, set your spirit free
I'd lead your heart away, see you break, break away
Into the light and to the day.

To let it go and so to find away.
To let it go and so find away.
I'm wide awake.
I'm wide awake, wide awake.
I'm not sleeping.

If you should ask, then maybe
They'd tell you what I would say
True colours fly in blue and black
Blue silken sky and burning flag.
Colours crash, collide in blood-shot eyes.

If I could, you know I would
If I could, I would let it go.

This desperation, dislocation
Separation, condemnation
Revelation, in temptation
Isolation, desolation
Let it go and so to find away
To let it go and so to find away
To let it go and so to find away

I'm wide awake, I'm wide awake, wide awake
I'm not sleeping
Oh no, no, no.

U2, Bad [The Unforgettable Fire, 1984]

12.8.05

Obsceno

A RTP está a transmitir um documentário da BBC sobre José Mourinho: «Mourinho, the special one». Imaginem que título lhe deu a estação pública de televisão? «José Mourinho: ganhe como eu», o nome da forte campanha publicitária do BPI com o mesmo Mourinho. Coincidência? Não. No mínimo: OBSCENO.

[actualizado às 21:50: termina o programa. Imaginem que anúncio passa imediatamente a seguir? Sim, bingo! «BPI. Ganhe como eu!»]

Fenómenos de Verão

O mestre de Aviz é de, quando em vez, atacado (I suppose) por estranhas espécies, que se apropriam do template e do mote. Só não têm capacidade para escrever. Inveja do cavanhaque e das notícias da frente, é o que é.

Aniversário a retalho

Ela* faz anos. O nosso Acordeonista também. Este faz 23, ela 25. Ninguém tem...

* Dominique Swain

«Eat more doughnuts»

Ou... a fleuma britânica do dia.

Sempre alerta

Greve em Londres deixa aviões em terra. A Lusa foi à procura dos inevitáveis portugueses apanhados nestas coisas (há sempre um português!) e encontrou 30 escuteiros que tiveram de dormir no... chão. Que é onde habitualmente dorme um escuteiro, digo eu.

11.8.05

Foi você que pediu um aeroporto?

No esconde-esconde do ministro Mário Lino, não há ninguém que lhe explique que era melhor publicar agora todos os estudos sobre a Ota, em vez de esperar por Outubro, e anunciar que, nesse mês sim, apresentaria tim-por-tim o orçamento final da obra e a viabilidade em números da coisa? Depois, discutíamos em público (leia-se: jornais, rádios, têvês e blogues) as opções e então sim podia dizer-se ah! e tal! isto não é nada mal ou então precipitámo-nos e vamos rever as nossas prioridades de investimento sem que caiam os queixos no cimento... E voltávamos a ser um país normal.

10.8.05

A[des]gosto

a erradicação

Foste violento, pá. Em férias... escrever sobre bombas e deuses e assim, não se faz, dizem-me, sobre o post anterior que aqui se replicou. Antes incendiar debates estéreis como as presidenciais ou martelar receitas velhas para as florestas. Pelo soundbyte, sai-se de megafone à rua. Mas, em casa, esquece-se o exemplo. O fogo que consome as árvores da política portuguesa devia fazer parar para pensar, mas não: põe-se ar, grave e sério, diz-se que não fazemos política com assuntos sérios e graves, mas atacamos como se nunca tivéssemos responsabilidades no desmazelo e na tragédia que se repete. Ano após ano (a Cibertúlia quando começou em 2003, começou com fogos a atear o debate, vão lá ao arquivo ver). Temos responsabilidades: nas florestas que os proprietários não limpam e depois culpam incendiários que existem na sua negligência, na água que continuamos a consumir a mais, no sequeiro que vamos fazendo deste país, de eucalipto e betão. O melhor mesmo é ir para a praia. Erradicar o pensamento. (Nós não vamos, continuamos a trabalhar. Mas o desejo é esse.)

9.8.05

a erradicação de deus

há um deus que assoma violento, implacável, irascível nas explosões de londres e de sharm-el-sheik. já tinha sido assim em nova iorque, depois em bali, madrid, jacarta, casablanca, mombaça, bagdad, num roteiro que parece marcar um novo mapa de terror sem olhar a rostos e credos, ideologias e cores. este deus não é um verdadeiro deus. arrepia, arrepia-se, arrepia-nos. este deus gritado por filhos menores não é misericordioso nem omnipotente. é obsceno, indigno.

o papa bento xvi veio depois pedir aos terroristas que "parassem, por Deus", numa formulação sábia. mas houve quem dissesse que não valia a pena – eles não o ouviriam porque o deus dos terroristas não aceita qualquer outro deus, sobretudo pela voz do representante de uma religião que é aquela que os terroristas também dizem combater ao falarem em cruzados, como se a idade das trevas fosse hoje. e é, argumentam iluminárias clarividentes, que nos dizem que "é a guerra, é a guerra e só assim podemos defender a nossa civilização". vã glória.

eu por mim também acho que deus não é para aqui chamado. em nenhum destes atentados está deus, um qualquer deus. nem Deus pode ser invocado por quem não entende qualquer linguagem de deus. desconhecer deus não é mau, o que é mau é refugiar-se num deus de morte, que não existe. o que existe é um ódio pretensamente "traduzido" para nos manter vigilantes e, pior, para nos meter medo. a esse ódio não se responde com mais ódio. também escusamos de dar a outra face, literalmente. podemos dá-la evangelicamente: construindo com o outro um outro mundo.

pragmáticos, muitos crentes e não crentes, crêem que sou lírico ou, como insultava um jornalista desta praça, um "falso pacifista que se quer render aos inimigos". nem uma coisa nem outra: apenas continuo a entender que o terror de dresden e hiroxima e londres (na segunda guerra) não deve ser repetido – aniquilar o já aniquilado, ou, no caso dos ataques actuais, cair numa espiral de violência que rapidamente nos levaria à orgia sanguinária daquela grande guerra.

erradicar deus, não é erradicar o divino – nem Deus, claro. é erradicar o discurso que insiste na justificação hedionda de um qualquer deus pequeno que torna menores todas aquelas vidas – de quem se alimenta e vive pelo terror.

este texto pode perder-se na espuma dos dias de férias ou na letra propositadamente pequena. não me importa, se a nossa atitude for outra, ao encontro do outro, para que nunca mais nenhum outro invoque o nome de deus em vão ou em socorro do horror. ámen: assim seja.

[originalmente publicado na Terra, que tem um best of imperdível, para estas férias.]

Divórcio ao telefone

[toque polifónico, autocarro pequeno]

«- Tenho pouca vontade de falar contigo...
- ...
- ... pelas mesmas razões do outro dia.»

[fim de chamada, autocarro em silêncio]

Levantar o ego

O Discovery tem "software" produzido por portugueses. (Confirmada a aterragem em segurança.)

Literatura de Verão

[ou a fleuma britânica, parte II]

A Sky News é um bom canal de informação. O seu site é dinâmico qb. Mas as notícias de entretenimento têm uma qualquer obsessão. Depois de ontem darem conta do problema de Ewan McGregor em fixar-se nos olhos de Scarlett, hoje conta-nos mais uma história relevante sobre boobs - neste caso de Jessica Simpson. Caso para se dizer: a fleuma britânica pode traduzir-se por fixação em mamas. Um pouco como o nosso conhecido Avatares de um desejo. Coisas saudáveis, portanto.

[mms 2]

Outro amigo, enviou-me há uns tempos estoutra mms: tripas à moda de Aveiro. De comer e chorar por mais, acreditem-me. [Procurem no Fórum Aveiro, na foto, ou na barraquinha do Zé da Tripa, na praia da Costa Nova.]

[mms]


De uma amiga, por mms, do Porto Santo: «Só numa região como esta é que poderia haver um bar dedicado a ti». Ainda não me decidi se é um elogio...

8.8.05

Fleuma britânica


Scarlett, Her Boobs and Ewan. Scarlett Johansson proved just how valuable a good bit of corsetry is as she arrived for the premiere of her new movie The Island.
Posing with co-star Ewan McGregor, Scarlett showed off an impressively hoisted up pair of boobs...

[e na legenda de uma foto]
[Ewan] Still keeping eye contact rather than talking to Scarlett's chest. Phew! It's been a tough evening for Ewan.
[in Sky News. Galeria completa.]

Pró-vida

Perder tempo a ouvir música.

Melancómico

do Lat. melancholia < Gr. melagkholía < melágkholos < mélas, negro + ckolé, bílis, fel [mais] do Lat. comicu

adj.,
relativo a melancolia e a comédia;
descobrir fotos adolescentes de um blogger num álbum de fotografias e ver como o tempo passou;
[burlesco + abatimento];
[ridículo + doença mental, caracterizada por uma tristeza profunda];
[engraçado + hipocondria].

7.8.05

Serviço público

O blogue oficial do Verão.

Um post que custa 1,40 euros

[porque necessita de ter comprado o jornal Público para o entender]

Indispensável: «Para me acalmarem os últimos soluços, puseram-me a ouvir telefonia.» - por João Bénard da Costa.

A ciência comprova o óbvio: «Cientistas descobrem que rio está cheio de cocaína».

A novela neoliberal: «Um fim inesperado» para o caso do menor em risco que Maria Filomena Mónica adoptou como seu. Espera-se a nomeação da socióloga para provedora da Casa Pia.

Sossego prorrogado: «Falar ao telemóvel no Metro só no próximo ano».

Pois, não, limitou-se a escrever uma coisa escorreita: «Dan Brown não cometeu plágio em O Código Da Vinci».

BD e jornalismo: nova série nas páginas de media.

«Marilyn Monroe não gostou muito de uma noite de sexo com Joan Crawford.»

O mapa possível? Todos os dias, no «especial férias» apresenta-se um roteiro de actividades culturais para o Verão. O interior (quase) não existe - ficou lá atrás nos incêndios.

Na última página, há Calvin and Hobbes. Mas há também a azia e o mau fígado. Hoje, sobre «a bomba de Hiroxima», acrescente-se o vómito. Vasco Pulido Valente é um imbecilóide inimputável.

Overdose

No fim, um clássico. Como desde o início. Bombyx-Mori despede-se com classe no seu estertor. [E com Pier Paolo Pasolini em escuta.]

6.8.05

Impressionismo

paisagem ardida, entre Leiria e Pombal (foto Paulo Cunha/Lusa)

[apelo]

De um e-mail da Intercultura: «No primeiro fim de semana de Setembro vão chegar a Lisboa 58 estudantes, de vários países do mundo, para fazerem um ano lectivo no nosso país. Estes estudantes precisam de uma família que os acolha durante este tempo e que os integre nas suas vidas familiares.

Precisamos da colaboração de todos para que esta mensagem possa chegar ao maior número possível de famílias que possam ter interesse nesta experiência. A seleccção do estudante é feita pela família, que poderá acolher como Família de Boas Vindas durante o mês de Setembro.»

Informações: 2132404070 (telefone), 213247079 (fax), Cláudia.Soares@afs.org

Hiroxima. 1945


NUNCA MAIS

5.8.05

Micro-causas [teaser em causa própria]

Os jornais tentam, mas nem sempre conseguem à primeira, à segunda ou à terceira, respostas para as suas questões. Mas, por fim, consegue-se, mesmo que seja uma resposta coxa.

Não esquecer

Populismo sobre rodas

No autocarro, conversa entre velhotes:
«-Eu se apanhasse um a botar fogo meti-o lá no meio, na fogueira

[o céu não se fez negro, já estava.]

4.8.05

Da inveja pop [à flor da pele]


Pop Dell'Arte, Fórum Lisboa (foto CC)



Como invejo CC, por ter ido ao concerto dos Pop Dell'Arte! Aquele que foi o meu primeiro concerto sem tutela familiar, algures em 87, nas Catacumbas, um espaço semi-construído da Universidade de Aveiro. Os Pop entraram de carrinha em palco!, duas horas depois da hora marcada... Ao meu lado, o prof de Antropologia, podre de bêbado, abanava o capacete ao som de esborr.... e a malta cresceu mais um bocadinho! Jurámos sem bandeira, chegámos a casa muito tarde (para hábitos de meninos de cidade pequena) e de manhã exibíamos orgulhosas olheiras de «free pop»!

Quando as preocupações da Caixa eram outras

clique para ampliar

Micro-causas

A Ota e o TGV devem ser decididos seriamente, dizem todos, de preferência conhecendo os estudos (defende-se persistentemente esta causa e bem na blogosfera). Eu que não tenho opinião (ainda) sobre o aeroporto (como é possível ter?, sem conhecer nada, contra ou a favor) gostava de poder sustentar uma opinião, qualquer que fosse, antes de fazer o jogo oposicionista ou situacionista.

Afinal, eles também querem ter um nome

Estádio WC Pato ou Estádio Renova, são duas possíveis sugestões.

3.8.05

Oficina da ilusão


Passeio que impõe respeito

Frases que impõem respeito

- Pois, mas não digas a ninguém lá no bairro. [...] Não lhe contes. [...] É segredo, não quero que ela saiba. [...] É uma cabra, é o que é.

[diálogo ouvido - sem possibilidade de não se ouvir - no autocarro]

2.8.05

Desacerto presidencial

Cavaco foi recebido por Sampaio, antes de Sampaio receber Soares. Espera-se que Pires de Lima, pelo CDS, venha agora dizer que o Presidente da República se está a deixar usar por Cavaco. E ficamos a aguardar por Carlos Encarnação, para nos poder esclarecer se o ex-primeiro-ministro social-democrata está à procura de «criar notícias».

[actualizado: o comentário à direita é aplaudir a discrição de Cavaco ou a procura em salvaguardar a independência por Sampaio. A direita gosta sempre de fazer as coisas pela calada e aplaudir Sampaio, depois de o criticar violentamente sobre o mesmo tema (recordar a dissolução do Governo de Santana).]

E ela não faz uma revolução


No fundo da praia, sem beber qualquer capilé, quarenta graus à sombra, nas mesas do café, e aquela rapariga eu já nem sei o que dizer e o que fazer. Mediterrâneo, Agosto, é pleno Verão, o sol a pino, mas ela não faz uma revolução. Não passa um navio, desce a maré, vejo o vestido vermelho, tomara que estivesse a arder, e aquela rapariga eu já nem sei o que dizer e o que fazer...

[in PD. livremente inspirado nos Radar Kadafi]

1.8.05

Romântico inveterado


[nas salas, Batman - O Início: a ver]

Mortos no deserto
[ou o liberalismo (baralhar e dar de novo)]

O Porto perdeu O Comércio do Porto. Lisboa deixou de ter A Capital.
- A falência dos dois jornais foi, ontem, associada (pelo pivô da TVI), ao fim do Ballet Gulbenkian. Por ser cóltura?
- A RTP fez ontem um directo no telejornal no final do espectáculo dos bailarinos "ex-gulbenkianos". Quantas vezes foi a RTP acompanhar os bailados daquela companhia? [O mesmo para a TVI e para SIC.]
- Fico sempre entre o surpreendido e o estupefacto com a capacidade de iniciativa que os nossos empresários demonstram em comparação com o Governo: têm sempre mais tudo que o Estado. Na lista dos queixosos há sempre umas forças vivas do Norte. Mas, na hora da verdade, não se chegam à frente. O Porto aqui tão perto - mas ficam mortos no deserto.

A violar a lei, também eu*

Resultados do 1º Semestre de 2005: EDP com resultados líquidos de €318 milhões.


* - clique no título do post

Clicar, clicar, admirar, admirar

A abertura oficial do Verão.

Best of

26 grandes êxitos e um inédito.