Há sempre um sopro de vida, mesmo com a cadeira vazia.
31.3.05
A Bairrada não é Coimbra
1 leitão com 9 kg, alho, pimenta branca, sal e banha de porco.
Prepara-se o leitão, limpando-se bem. Reserva-se. À parte faz-se o molho com bastante alho, banha de porco, pimenta branca e sal. Desfazem-se estes ingredientes com a varinha mágica até se obter um creme. Coloca-se o molho dentro da barriga e pescoço do leitão, cozendo com agulha grossa e linha forte os dois orifícios. Vai a assar durante uma hora e meia a duas horas, em forno de lenha previamente aquecido durante uma hora (mínimo).
Nota: 3 colheres de sopa de molho são o suficiente para dar o verdadeiro sabor à carne.
Falamos de leitão, claro. Da bairrada.
[nota]
30.3.05
Da Universidade
O que aqui me traz é, no entanto, uma pequena frase, quase lateral, no argumentário de VPV: «Em 1980, os velhos ministros de Salazar já ensinavam na Universidade Católica, que desde essa altura se tornou na principal escola de quadros da direita.» Há um fundo de alguma verdade neste resumo. Mas passo a minha objecção teológica de base sobre a Universidade Católica - os cristãos devem estar no mundo, não à parte -, para questionar a afirmação desta Universidade como a «principal escola de quadros da direita».
De facto, é indesmentível que as principais correntes filosóficas e ideológicas daquela Universidade se colocam politicamente à direita no pensamento social e económico. E este é o cerne de uma objecção mais funda, que nos devia fazer desejar outra universidade. Este desejo estende-se a todas universidades, que devem estar atentas ao mundo - e não desligadas dele (o discurso neoliberal fala-nos habitualmente do binómio redutor universidade-empresa, nós alargamos ao mundo, que deve ser inclusivo, não exclusivo), mas torna-se particularmente necessário quando se fala de uma universidade que clama para si o nome de «católica». A sua "catolicidade" parece esgotar-se nas suas faculdades de Teologia e nos centros de estudos canónicos e religiosos e está claramente ausente de outras faculdades - e em Economia, com mais acuidade.
Afinal, onde está o pensamento socio-económico que inclua o pobre, o marginal como elemento produtivo da sociedade? Não está, não existe. Pelo contrário, gestores e académicos conotados com a Universidade Católica têm quase sempre o discurso mais neoliberal no quadro económico português. Não há uma reflexão séria, sistemática e sistematizada sobre a pobreza, as suas causas e as possibilidades de a combater, reconhecidamente produzida pela Universidade. Não se conhece um programa (atrevo-me a dizê-lo) político que sustente uma opção preferencial pelos pobres.
Tecidos
29.3.05
Os crentes da ladainha neoliberal
Antes de nos deixar estas frases, Mário Pinto crê na sua ladainha habitual: reformar o Estado, porque continuamos «prisioneiros da administração pública, dos sindicatos e dos partidos estatistas de esquerda, que têm um verdadeiro poder de bloqueio, apoiados na Constituição». Ámen, grita a acidental direita!
Os desempregados? A fome? A pobreza? A exclusão? O subemprego? Os baixos salários? O neoliberalismo? Quer lá saber, Mário Pinto! O que lhe interessa é reformar, reformar, reformar (despedir, despedir, despedir, em tradução livre). Ele crê num mundo melhor - o dele, que não se lê nos Evangelhos. De atentados à vida, estamos conversados.
28.3.05
A normalidade
[pub] Clube do Cebolinha
Este texto do Tal & Qual contribuiu para que E Deus Criou a Mulher tivesse 250 visitas (das quais quase 90 na quinta-feira passada, dia da edição do jornal) e 650 páginas vistas, ao fim de uma semana. Só não concordamos com o título dado à prosa: as mulheres também se querem visitantes.
Par - ímpar
Nove minutos
Quinta das barbaridades
27.3.05
26.3.05
Fora...
... do mundo: continuam sem agenda.
... do tempo: Mexia voltou aos anos 50.
25.3.05
Para este sábado
A História. A História e a Páscoa. | Jesus, o judeu. (in Rua da Judiaria)
[chegada a hora terceira]
Amen dico tibi: hodie mecum eris in Paradiso.
Mulier, ecce filius tuus; et tu, ecce mater tua.
Eli, Eli, lama asabthani?
Sitio.
Consumatum est.
Pater, in tuas manus commendo spiritum meum.
24.3.05
Contabilidade
23.3.05
Últimas Ceias que nos provocam
A Igreja oficial não reagiu bem. Como agora em Itália e França, em relação à campanha de Marithé e François Girbaud. Como já não tinha reagido bem a "Je vous salue, Marie" ou à "Última Tentação de Cristo" e, pior ainda, à representação humorística de "A Última Ceia" e da "Rainha Santa Isabel", por Herman José. Ou agora com o "Código Da Vinci" a merecer reparos públicos do Vaticano, como se de um ensaio se tratasse. Valerá a pena? Acho que não – valeria a pena, suscitando a discussão sobre a Arte, promovendo a reflexão da Beleza, não “batendo-por-bater”. Porque, por oposição, a Igreja nunca critica a fealdade das novas igrejas, não censura coros que assassinam a liturgia e fazem corar Gregório, não critica uma oratória sem rasgo nem chama.
Bettina Rheims crucificou uma mulher [imagem em cima]. Agora a campanha da M+FG feminiliza a ceia – apóstolas e a filha de Deus. No fundo, Deus e o seu filho são humanizados – homem e mulher. E assim o encontro da história faz-se no reconhecimento de uma cena familiar.
Na Páscoa, são mulheres que já não encontram o corpo do Ressuscitado – as primeiras testemunhas da libertação. A Arte traz a mulher para o centro, para nos recordar que a Criação não se fez apenas à imagem e semelhança do homem. De uma vez por todas, resgate-se Eva do purgatório. E aceite-se os caravaggios de hoje, mesmo se não gostamos. Talvez ali se descubram novos caminhos de entender Deus – e de viver a Sua Páscoa.
[publicado hoje na Terra da Alegria]
[inquietações + provocações]
22.3.05
Semana da vida
21.3.05
20.3.05
E Deus criou a mulher...
Horas de contemplação. Até que a vista nos doa.
[campanha publicitária de Marithé e François Girbaud].
18.3.05
Importam-se de repetir?
Repitam lá comigo: Z-b-y-s-z-e-w-s-k-i!
[publicado no Boletim Municipal (nº 577, p.601). Obrigado à Sara, pela informação!]
Choque tecnológico
17.3.05
Um santana
Não quero ir lá para fora. Quero resolver problemas de matemática.
[BIEERRRR]
O meu cérebro rejeita sempre transplantes de atitude.
Calvin, hoje no Público
[quiz]
Calvin, "roubado" ao Amor e Ócio
16.3.05
Referendos de facto
Aforismo de terça à noite
15.3.05
Ganda nóia!
Dois dias (a novela)
Segundo episódio. Este blogue já assumiu as suas funções há dois dias, mas só hoje resolvemos divulgar, em comunicado para os telejornais, que «por direito próprio» voltámos ao nosso lugar. Para quê, não sabemos, nem explicamos. Até quando? O futuro estará escrito nas estrelas, Deus o saberá, nós logo decidimos.
Temos mais seis meses para novas trapalhadas. Bastarão mais dois dias para as mostrar.
14.3.05
Desmascarar
13.3.05
50.000
O coleccionador compulsivo de blogues
12.3.05
Telefonema
«Telefonaram-lhe para casa e perguntaram-lhe se estava em casa.
Foi então que deu pelo facto. Realmente tinha morrido havia já dezassete dias.
Por vezes as perguntas estúpidas são de extrema utilidade.»
Mário Henrique-Leiria, Contos do Gin Tónico.
Casting
11.3.05
[banda sonora para hoje]
Qui tollis peccata mundi
Dona nobis pacem»
De pé, ó vítimas...
Uma hipótese para o princípio do mundo
Parcimónia nos parabéns
Breve explicação para a outra imagem
Breve explicação para três imagens
10.3.05
Um leitor de CD sem pudor
9.3.05
O dia 20 de Fevereiro já é da pré-história?
Virgem ofendida
[nota editorial]
8.3.05
Mulheres
O dia da mulher é todos os dias...
Scarlett Johansson
... não passa nunca.
[E porque sim: um ano de desassossegos. Um ano imprescindível. Parabéns, Sara!]
CTT registam crescimento nas encomendas
A fotografia do jovem Zé Manel vai ser enviada pelo PCTP-MRPP para Bruxelas. À cobrança.
A fotografia do jovem Zé vai ser enviada pelo PCP(M-L) (interior) para Marte. À boleia.
A fotografia do jovem Paulo vai ser enviada para o Largo do Caldas - e para o movimento Women on Waves.
7.3.05
Assistência gratuita
Arrumar a louça
Mais uma encomenda do CDS
6.3.05
A educação nunca foi o forte deles
[Nota: O PSD portou-se como se portou na campanha. O CDS foi o partido de Estado, disse-se. Mas, na hora da azia, o verniz estala e cai a máscara. O PSD nunca enviou ao PS a foto de Sousa Franco, ex-líder do partido, e que foi anos mais tarde ministro pelo PS.]
As fugas
5.3.05
Sebastianismos
[actualizado, por e-mail, Cláudia envia-nos uma possível explicação:
António Vitorino, um balanço.
Pensão de reforma de um comissário europeu durante os primeiros três anos: 18.000 Euros.
"Esta reforma, apesar de vitalícia, vai sendo deduzida quando o ex-comissário em causa voltar a uma actividade a full-time e, claro, remunerada. Ou seja, os 18 mil euros a que Vitorino tinha direito durante três anos, mais uma pensão vitalícia - e que nesse caso seria só uma parte do vencimento total - pode ficar reduzida a uns míseros 720 euros."
Parece-me lógico que o senhor não queira fazer nenhum (e não será só ser ministro) durante uns tempos...
Fonte: Portugal Diário]
Sete medidas para acreditar
Governo: alguns comentários
E outra especial satisfação. Já não teremos de escrever mais coisas que nos envergonhavam (e/ou divertiam): "Santana Lopes, primeiro-ministro; Paulo Portas, ministro dos Assuntos do Mar; Bagão Félix, ministro das Finanças; Rui Gomes da Silva, ministro-adjunto; Nobre Guedes, ministro do Ambiente; António Mexia, ministro das Obras Públicas; Maria do Carmo Seabra, ministra da Educação; Maria João Bustorff, ministra da Cultura; Maria da Graça Carvalho, ministra da Ciência e Ensino Superior; Morais Sarmento, ministro da Presidência; José Luís Arnaut, ministro das Cidades"; e por aí fora.
A ler também: as primeiras impressões de José Mário Silva e o totoloto do Timshel.
4.3.05
O homem das estações
Informação útil
Que é que eles têm que são diferentes dos outros?
Sinais de contradição
Carta a um Barnabé
Eis um verdadeiro democrata, este Nuno! Como deve ter aprendido no futebol que a melhor defesa era o ataque, defende-se - no Barnabé - misturando o que não é misturável, digno do melhor discurso de um padre Serras Pereira ou de um João César das Neves! Eles misturam alhos com bugalhos, o Nuno responde bugalhos com alhos. Paciência. O Nuno escorregou na casca de banana (um humor nojento - e sim, eu não faço humor com um velho doente, chamado Pinochet! Apenas espero que ele seja julgado e condenado pelos crimes!) e atirou-nos à cara com a nossa intolerância. A dele ficou arrumada numa gaveta qualquer...
Sim, o Papa errou várias vezes, Nuno. Mas gostava de saber a tua opinião, quando o mesmo Papa, contra a opinião de sectores conservadores da Igreja, visitou outro velho e doente, Fidel, de seu nome (sim, e eu também não gostei quando alguma gente parodiou/gozou a queda que ele deu há uns tempos!) e o chamou à pedra pela violação dos direitos humanos. Como fez em relação ao Chile, em mais do que um discurso e iniciativas diplomáticas. Como fez em relação a outros territórios (mesmo em Timor, depois de uma visita ambígua, em que parecia deixar para trás os anos de esforço da Igreja timorense, João Paulo II referiu-se por mais de uma vez à necessidade de referendar a autodeterminação e foi uma voz fundamental na condenação dos ataques das milícias pró-indonésias, a seguir ao referendo).
Sim, o Papa erra, quando insiste num discurso moralizador que confunde mais do que ajuda. Escrevi aqui, antes da tua piada reles: «O Papa mistura temas que não se comparam. Eutanásia, aborto, preservativo, por exemplo, lêem-se demasiadas vezes no mesmo parágrafo. Agora, o aborto e o Holocausto surgem no mesmo plano, levantando um coro de protestos. E com razão. Não pelo que se escreve no livro de João Paulo II (lendo bem, não há uma comparação "absoluta" aborto=Holocausto), mas pela forma confusa (intencional?) como se aborda os limites das leis. E, em vez de se reflectir seriamente sobre estes temas, acabamos por estar a discutir o acessório ou a defender e atacar semânticas.»
Lendo melhor, podia adaptar este post ao Nuno do Barnabé: «O Nuno mistura temas que não se comparam. Doença, velhice, poder, miséria, dor e mediatismo, por exemplo, lêem-se demasiadas vezes no mesmo parágrafo. Agora, o Chile de Pinochet e Serras Pereira surgem no mesmo plano. E, em vez de se reflectir seriamente sobre estes temas, acabamos por estar a discutir o acessório ou a defender e atacar semânticas.»
Neste caso, queres sublinhar uma alegada conivência deste Papa com regimes ditatoriais, mas esqueces a importância que ele teve na denúncia do comunismo e das ditaduras do Leste Europeu (ou não eram ditaduras?), mas também na denúncia do capitalismo, de um mercado que só pensava no «ter» e esquecia o «ser» (em 1980, e depois repetiu-o por várias vezes).
Mais: este Papa sempre deu jeito a muitos, que o atacam por causa da moral sexual, quando ele se colocou contra as guerras do Iraque (em 1991 e 2004).
Agora que vais descansar por uns dias, era bom que pudesses voltar, sem espingardar "à Serras Pereira ou César das Neves". Separando os assuntos, e reconhecendo: mandei uma boca infeliz. Quanto ao resto - o discurso com que procuraste justificar o injustificável, é matéria para séria discórdia. E debate. E que é diferente daquela piada. Muito diferente.
3.3.05
Estupefacção
2.3.05
[silêncio]
1.3.05
Idiotas*
[actualizado: o Nuno deve ser novo na blogosfera e, por isso actualizou o seu texto sem o indicar. O que lá estava era isto: "O Papa já bebe sozinho por uma palhinha. Os médicos estão em crer que, a partir de amanhã, poderá começar a gatinhar sem amparo alheio. Aguardamos ansiosos." Depois, resolveu acrescentar um comentário auto-explicativo, onde apenas revela mais algumas ideias "limpinhas": que o Papa morra longe dos nossos olhares, aquele velho! (as palavras são minhas, o tom é o do post). Estou à vontade para escrever o que escrevo aqui. Já defendi a resignação do Papa, como já ataquei aqueles que se incomodam com os velhos cuja "decrepitude e decadência do seu corpo" deve ficar "longe dos olhares do mundo".]
* - idiota: que tem ou denota falta de inteligência ou de bom-senso.