O que impressiona sempre nos exercícios de estilo sobre a guerra em curso no Médio Oriente, em particular entre os analistas à direita ou que apoiam Israel, é a facilidade com que se contam espingardas: Israel só bombardeia o Líbano porque o Hezbollah lança rockets e, antes, raptou três soldados israelitas e, antes ainda, bombardeava cidades israelitas. Mas ainda ninguém me explicou porque é que o Governo israelita bombardeia civis inocentes libaneses, claramente de forma desproporcional. Hoje, nas notícias lia-se que os bombardeamentos israelitas fizeram pelo menos 11 mortos na cidade de Tiro (não consta que haja "militantes de deus" entre os mortos) e os rockets do Hezbollah mataram dois cidadãos israelitas. É de mim, mas há desproporcionalidade a mais, nesta contabilidade. As mortes deviam ser zero, de parte a parte. Mas a culpa é sempre do outro.
[actualizado: a leitura de Miguel Vale de Almeida é outra possível: «Não devo ser o único a sentir uma enorme dificuldade em escrever sobre (nem sei como lhe chamar) o que se passa no Líbano, na Palestina, em Israel. Tomar partido por um dos "lados", de forma clara, parece-me irresponsável. Identificar quem espoletou o quê (e, portanto, é "responsável") parece-me leviano. [...]»]
[actualizado: a leitura de Miguel Vale de Almeida é outra possível: «Não devo ser o único a sentir uma enorme dificuldade em escrever sobre (nem sei como lhe chamar) o que se passa no Líbano, na Palestina, em Israel. Tomar partido por um dos "lados", de forma clara, parece-me irresponsável. Identificar quem espoletou o quê (e, portanto, é "responsável") parece-me leviano. [...]»]