31.5.04
Justiças (ou «pôr a leitura de blogues em dia» - II)
Evito falar quase sempre da Casa Pia. E revejo-me muitas vezes naquilo que se diz nas Terras do Nunca. Como hoje, uma vez mais: «Mais segura é a justiça que se faz fora dos tribunais - que é célere, não admite recursos, não prevê indemnizações. Essa condena para toda a vida, sem ouvir as partes. Dessa justiça ninguém está livre.» Breve e certeira leitura.
Em louvor das mulheres maduras*
foto de Jeff Dunas, 1999
Volta e meia, é isto: "posta-se" a imagem de uma mulher, eventualmente bonita, segundo critérios estritamente pessoais. E de seguida falam os amigos: «Preferia antes fulana ou sicrana», «gosto mais de outra foto dela», «ai um blogue é para isto». Um sem fim de comentários... Hoje, imagino o mesmo com esta foto da já entradota Kelly McGillis («A Testemunha» ou «Top Gun», quem não se lembra?). A explicação é simples: ao ler o livro com o título deste "post" dei por mim a ouvir numa rádio de nostalgias a canção de «Top Gun», o inenarrável «Take My Breath Away», na versão dos Berlin. Coisas que as férias fazem aos neurónios.
* - Em Louvor das Mulheres Maduras, de Stephen Vizinczey, ed. Cotovia, 2003.
Diabo do delete!
Apaga-se! Sem querer ou por querer. E às vezes não há volta a dar: apaga-se e não conseguimos recuperar. Uma ordem mal dada, um descuido, uma distracção. «Deleta-se». Pedro Mexia apagou o seu Dicionário. O Rui, no Adufe, e JMF, nas Terras do Nunca, reflectem sobre este (mais um) apagamento. E uma blogoteca, não?
Relativismos morais (ou «pôr a leitura de blogues em dia» - I)
Li no Barnabé, um comentário do Daniel, a defender a colocação de uma foto do Papa com Pinochet, num "post" seu, agora que o execrável ditador chileno perdeu a imunidade: «Que os ditadores não são uma catástrofe que cai do céu. Há sempre quem lhes dê uma mão. Por vezes, os mesmos que hoje se horrorizam com o "relativismo moral"».
Concordo a 100 por cento (comentei também eu - e deixei algumas questões, porque às vezes me irrita o mundo a preto e branco que o Barnabé desenha). Gostava de saber onde colocar a foto do enviado do Papa a Bagdad e Washington para tentar evitar a guerra, antes de ela ter começado, e os muitos discursos deste Papa contra esta guerra, e que tanto jeito deram na altura ao Bloco de Esquerda, para confrontar a "santa aliança" Durão-Portas? Gostava de saber onde colocar (desde o início da década de 80) os discursos deste Papa contra o capitalismo sem regras, neoliberal e selvagem? Os relativismos morais ficam bem em qualquer lado.
Concordo a 100 por cento (comentei também eu - e deixei algumas questões, porque às vezes me irrita o mundo a preto e branco que o Barnabé desenha). Gostava de saber onde colocar a foto do enviado do Papa a Bagdad e Washington para tentar evitar a guerra, antes de ela ter começado, e os muitos discursos deste Papa contra esta guerra, e que tanto jeito deram na altura ao Bloco de Esquerda, para confrontar a "santa aliança" Durão-Portas? Gostava de saber onde colocar (desde o início da década de 80) os discursos deste Papa contra o capitalismo sem regras, neoliberal e selvagem? Os relativismos morais ficam bem em qualquer lado.
O ministro do calendário
Eu desconfiava: há ministros que só servem para isto. Arnaut, José Luís, assina-se «Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro (Com a tutela do Euro 2004)», na carta que me fez chegar cá a casa. No regresso de férias, não é das correspondências mais agradáveis. Um ministro que me pede para eu me portar bem: «Importa aproveitar ao máximo este evento e demonstrar, a quem nos visita, a nossa instrínseca e cordial hospitalidade». Mas Arnaut-com-a-tutela surpreende-me e envia-me nas costas da sua missiva o «calendário dos jogos», com as respectivas horas e locais. Só faltam os canais de TV que transmitem os joguitos. E se não fosse pedir muito, na próxima cartinha, o ministro podia mandar a cervejita e os tremoços para acompanhar a sua tutela! Força, pá.
Extra! Extra!
Já está disponível mais uma edição especial da Terra da Alegria. Com as colaborações de amigos! A ler, pois claro.
30.5.04
Arrumações depois das férias
É o que dá veranear em Maio. Chega-se e anda tudo noutro ritmo, à bolina e nós lentos a ser atropelados pelos que passam apressados na avenida ou na feira, no centro comercial ou na Segunda Circular. Depois retomam-se mentalmente os projectos grandiloquentes pensados a-ver-o-mar. Mas quase não passam daí: amanhã é dia de trabalho, a estante acumula novos livros e discos, sem que os outros tivessem melhorada arrumação. E os jornais, as revistas, os catálogos da feira do livro, as contas da casa: tudo continua a amontoar-se em mil e um pequenos montes que vou já arrumar...
28.5.04
Estou atrasado...
... em meia-hora fiz uma ronda por alguns blogues - os clássicos e mais uns quantos amigos. E fiquei prostrado. Pior que «comentar temas políticos com cinco dias de idade [que] é, entre nós, quase um absurdo», como escreve Miguel Sousa Tavares, hoje no «Público», é procurar ler cinco dias de política e cultura e música e futebol e afins nos blogues. Impossível. «A política, tal como a seguimos e a vivemos, é um objecto de consumo instântaneo». E os blogues, Miguel, e os blogues?!
PS - Atrasado, este cantinho parabeniza o mestre de Aviz, e todos os amigos portistas pela vitória na Liga dos Campeões. Soube ainda melhor: o Benfica foi o único clube a roubar um troféu a este FC Porto galáctico!
PS - Atrasado, este cantinho parabeniza o mestre de Aviz, e todos os amigos portistas pela vitória na Liga dos Campeões. Soube ainda melhor: o Benfica foi o único clube a roubar um troféu a este FC Porto galáctico!
Regresso
Numa sexta-feira à noite, o regresso aos lugares que nos reconhecem. Uma semana sem saber de quase nada. Uma semana longe de tudo, com as notícias a chegarem quase velhas no jornal da manhã (quando havia, porque nem sempre o «Público» "chegava" até às 11h30). Longe de um computador, claro - melhor: deste pequeno mundo dos blogues. E sem nada para dizer, tanto para fazer. Uma semana de praia, sem ver multidões, a descobrir sítios fantásticos, quase selvagens. Sim, não foi no Brasil nem no Algarve das auto-estradas. Foi ali ao lado, num pedaço encravado entre Aljezur e Vila do Bispo. Vontade de regressar... lá.
24.5.04
Posta-it
Para estes dias, em que estaremos fora...
1. Espreitem a Terra da Alegria. Esta segunda-feira tem amigos a escrever. Quarta-feira regressa no formato do costume.
2. Há vários textos para ler. Aqui para baixo, ao sabor do "scroll". E outros, que vierem por bem...
3. Eu, por mim, acordarei todos os dias com esta vista. Até já.
23.5.04
22.5.04
Assim à distância
Ouvi Durão a falar da Madeira (mas enganou-se no nome do arquipélago): Um regime com tentações totalitárias, uma democracia com défice de liberdade de expressão.
Vi a chuva a abençoar a boda de Letizia e Felipe, como diz o povo. E dei por mim a ouvir jornalistas a falarem constantemente de realeza e povo.
Ouvi e vi o inefável Alberto João com inveja de Avelino Ferreira Torres a dizer que lhe apetecia invadir o campo.
Vi a chuva a abençoar a boda de Letizia e Felipe, como diz o povo. E dei por mim a ouvir jornalistas a falarem constantemente de realeza e povo.
Ouvi e vi o inefável Alberto João com inveja de Avelino Ferreira Torres a dizer que lhe apetecia invadir o campo.
21.5.04
Uma solução para o Iraque
[entrevista de António Lobo Antunes, à revista Visão]
V: Ainda sonha com a guerra?
ALA: (...) Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, punhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.
V: Parava a guerra?
ALA: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica. Era uma sensação ainda mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?
V: Não vou pôr isso na entrevista...
ALA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio do
Benfica?
V: Ainda sonha com a guerra?
ALA: (...) Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, punhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.
V: Parava a guerra?
ALA: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica. Era uma sensação ainda mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?
V: Não vou pôr isso na entrevista...
ALA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio do
Benfica?
A theia deste Governo
Malhas que a chuva tece: caía uma bátega quase tropical sob a capital e Amílcar apressava-se do Porto para Lisboa para ouvir José Manuel dizer que não contava mais com ele. A Manuela tinha-se esquecido de declarar uns rendimentos, o Congresso vinha aí e prometia ser uma monumental seca ou uma antecâmara para Santana se lançar a Belém, o Miguel Relvas tinha de ir para o partido mas sem ficar no Governo, a Águas de Portugal é uma empresa demasiado apetitosa para ser deixada nas mãos de um tecnocrata com escrúpulos, e numa jogada matreira de defesa já cansado das pernas, passou uma rasteira a outro defesa - mas da própria equipa. A verdadeira história da remodelação guardou-a Amílcar. José Manuel sobe hoje a Oliveira de Azeméis para dizer que tudo está bem quando acaba bem, o povo vai aplaudir e o Santana esperar.
20.5.04
Músicas da Judiaria
Esta noite acerto viagens atrasadas na blogosfera. «Mar de Leche», da cantora Suzy, é uma das revelações musicais mais extraordinárias que ouvi por estes dias, graças a Nuno Guerreiro, na cada vez mais imprescindível (e bem organizada) Rua da Judiaria. Corram a ouvir as «músicas da Judiaria».
Leituras ainda não comentadas
«É por isso que, em suma, há coisas que me indignam mais que outras. Porque gostava que o nosso lado, o lado da democracia, não tivesse tantos telhados de vidro.» A frase, certeira, de JMF, refere-se a uma posição já defendida por aqui. Mas o que me parece óbvio, não é para pensamentos acidentais. Nestes dias em que (a)pareci mais afastado destas coisas todas, senti a civilização defendida nas Terras do Nunca e no Glória Fácil. Sem mudar uma vírgula.
Trovoada seca
Lá fora anoitece com o rugir de uma trovoada forte, algures sobre o Tejo. Apresso o passo, para apanhar a roupa, não vá a chuva tecê-las... E trauteio Marisa. «A boiada seca/Na enxurrada seca/A trovoada seca/Na enxada seca/Segue o seco sem sacar que o caminho é seco/sem sacar que o espinho é seco/sem sacar que seco é o Ser Sol/Sem sacar que algum espinho seco secará/E a água que sacar será um tiro seco/E secará o seu destino seca/Ô chuva vem me dizer/Se posso ir lá em cima prá derramar você/Ó chuva preste atenção/Se o povo lá de cima vive na solidão/Se acabar não acostumando/Se acabar parado calado/Se acabar baixinho/chorando/Se acabar meio abandonado/Pode ser lágrimas de São Pedro/Ou talvez um grande amor chorando/Pode ser o desabotoado céu».
O salto
O cantinho do hooligan saltou directamente de sábado, dia 15, para terça-feira, dia 18. Sem passar pela tribuna de honra, nem receber a taça.
19.5.04
Um pequeno jardim
O bispo do Funchal saiu a meio de uma celebração de crisma, numa paróquia da cidade, a 30 de Abril, para estar presente ao lado de Alberto João Jardim na inauguração de um hotel de 5 estrelas. Chegará a nova Concordata à Madeira? Ou aquela região já é independente?
Outra nota pessoal: o senhor D. Teodoro é o mesmo que, em tempos, num encontro que manteve comigo, ao falarmos dos problemas da pobreza, disse: «Ah! a pobreza... Isso é lá em África...» Pois, o roteiro do Pestana Hotel não inclui uma viagem a Câmara de Lobos.
Outra nota pessoal: o senhor D. Teodoro é o mesmo que, em tempos, num encontro que manteve comigo, ao falarmos dos problemas da pobreza, disse: «Ah! a pobreza... Isso é lá em África...» Pois, o roteiro do Pestana Hotel não inclui uma viagem a Câmara de Lobos.
Um certo jardim
O líder do CDS-Madeira, José Manuel Rodrigues, mantém as afirmações sobre o peso da União Europeia no orçamento da Região que levaram o presidente do Governo Regional, e do PSD-M, a classificá-lo como «um certo asno». O líder do CDS-PP devolve a "classificação" a Jardim. [lido no DN-Madeira]
18.5.04
Benvindo
Não é personagem de que se goste este senhor. Anda por aí, a levantar-se ainda noite, arrasta-se nas filas madrugadoras para o autocarro, empurra-se para dentro do comboio e "enlata-se" no primeiro metro que passa apesar do seguinte vir, eventualmente, mais vazio. Chega ao trabalho, pega no capacete que incomoda e trepa até ao outdoor para o arranjar. Olha para o cartaz, com o seu nome: «Benvindo». Agradece comovido o acolhimento que lhe faz a autarquia. À noite, no fim da jornada de 11 horas, que os tempos e os patrões não estão para meiguices, espreita os noticiários que falam do seu país estranho. E ouve o presidente da mesma autarquia que o homenageou a falar dele, como o culpado: «Afirmando que existem "muitos brasileiros, africanos e ucranianos" a trabalhar em Portugal que não dominam bem a língua portuguesa, Santana Lopes assegurou, em jeito de brincadeira, que o responsável pelo erro "apanhará um açoite".» Benvindo, nascido na Amadora, 27 anos, de origem angolana, dorme inquieto. «Que fiz eu naquele cartaz?»
Um imenso jardim
Há dias, a Madalena, de Glasgow, dava conta da histeria com que os escoceses acolhiam os primeiros raios de sol, estendidos em todo o recanto ajardinado. Nós por cá, com estas temperaturas de quase-verão, continuamos a não saber o que é um jardim. De preferência, sem ervas daninhas.
A mentira dos "shares"
É mentira que o futebol dê excelentes "shares", ao contrário do que anuncia a TVI: basta espreitar as audiências da Cibertúlia para se perceber que, pelo menos neste blogue, o futebol não dá para grandes voos. Ou então é da má qualidade dos instantâneos.
17.5.04
Gostei...
de ganharmos aos campeões europeus.
E valeu também pela alegria do Francisco e do Luís (sim, eles têm quase oito anos)! Esta noite estou rouco. Já estava enferrujado...
E valeu também pela alegria do Francisco e do Luís (sim, eles têm quase oito anos)! Esta noite estou rouco. Já estava enferrujado...
14.5.04
Tanto...
... para dizer! E sem tempo para o fazer. Sem vontade. Talvez sentar-me a ouvir «um Amor infinito» dos Madredeus (sim, já sei, que agora soa bem dizer-se que "ah! e tal! os Madredeus já foram, e a voz é isto e aquilo". ná, não me convencem, ok?!).
O fim-de-semana vem aí, não há consenso possível em Fátima, nem na política, com a direita a pedir à esquerda que fale de livros de 1975, a esquerda a apitar à direita porque esta só percebe de futebol. O melhor ainda é mergulhar nos Açores ou saborear o sal com Anja Garbarek.
O fim-de-semana vem aí, não há consenso possível em Fátima, nem na política, com a direita a pedir à esquerda que fale de livros de 1975, a esquerda a apitar à direita porque esta só percebe de futebol. O melhor ainda é mergulhar nos Açores ou saborear o sal com Anja Garbarek.
O blogue ainda é um garoto
A Sara queixou-se que não conseguia comentar. Respondi-lhe que não, que estava tudo bem. Afinal, parece que não é verdade: os comentários (pelo menos, as experiências que fiz...) não estão a aparecer. Manias de um miúdo com roupagem nova. Prometemos tentar resolver o problema.
13.5.04
Fátima
Vai um debate animado sobre Fátima no Barnabé. Um "post -er" infeliz do Rui Tavares motivou um aceso programa "prós e contras" na caixa de comentários daquele blogue. [E que motivou aquele meu anterior texto sobre Lúcia...]
Eu, por mim, já aqui o disse: venha o humor que tenha graça, aquele não tem. Sem graça, já nos chega o Herman (saudoso humorista dos anos 80, que me fez rir às gargalhadas com a entrevista histórica à Rainha Santa Isabel).
PS - Confesso o maior divertimento: um «ateu» convicto de nome bíblico André, que por lá se passeia. Haja fé!
Eu, por mim, já aqui o disse: venha o humor que tenha graça, aquele não tem. Sem graça, já nos chega o Herman (saudoso humorista dos anos 80, que me fez rir às gargalhadas com a entrevista histórica à Rainha Santa Isabel).
PS - Confesso o maior divertimento: um «ateu» convicto de nome bíblico André, que por lá se passeia. Haja fé!
Nota editorial
De uma ditadura ou dos seus algozes, espera-se (quase) tudo. Mesmo um acto bárbaro e inqualificável, como a decapitação de um homem inocente... De uma democracia e dos seus representantes, espera-se outra coisa: o respeito pela liberdade, pelos direitos humanos e pelo direito internacional. Não faço comparações entre terroristas e as forças ocidentais que estão no Iraque, mas - num plano de legítimas expectativas - os actos de tortura dos soldados americanos ou a existência de Guantanamo tornam-se mais "censuráveis" que a decapitação daquele inocente americano. A guerra deve transfigurar as democracias. Por isso, a paz é o caminho. De mãos limpas.
O que é que a irmã Lúcia tem que é diferente de outros?
O Bloco repudiou esta quinta-feira a distribuição de um folheto em Fátima, pelo Comité Libertem Lúcia, a condenar o estilo de vida da irmã Lúcia e a confundir opções individuais de uma mulher adulta com a situação de pessoas feitas reféns por fundamentalistas e terroristas e crianças que são enviadas com cintos cheios de bombas!
Para o Bloco, este folheto apela implicitamente ao voto noutros partidos. O Bloco repudiou a distribuição do folheto e considerou que a mensagem «é um claro exemplo da manipulação de consciências a que a esquerda mais profunda não hesita em recorrer».
[comentário deixado ao "post" Contra o Fundamentalismo, do Barnabé]
Para o Bloco, este folheto apela implicitamente ao voto noutros partidos. O Bloco repudiou a distribuição do folheto e considerou que a mensagem «é um claro exemplo da manipulação de consciências a que a esquerda mais profunda não hesita em recorrer».
[comentário deixado ao "post" Contra o Fundamentalismo, do Barnabé]
O 13 de Maio
Nos meus tempos de Aveiro, este era o dia seguinte ao feriado. A 12, comemora-se a beata Princesa Joana - et pour cause, o município. Hoje, em retiro lisboeta, o 13 de Maio é o dia em que a religião ganha espaço nos telejornais. Este ano, por causa da paranóia da segurança. Mas também pelo resto. E o resto não me diz muito. Fátima é sempre uma expressão de uma religiosidade que me confunde. Mas que também inquieta... Lembram-se da Paixão de Mel Gibson?
Nota: há mais pistas sobre outros 13 de Maio no Guia dos Perplexos...
Nota: há mais pistas sobre outros 13 de Maio no Guia dos Perplexos...
12.5.04
Lembram-se de Arly Cravo? (II)
De Arly Cravo (ele mesmo) recebemos esta mensagem:
«Meus caros,
Meu nome é Arly Cravo, brasileiro, autor e intérprete de uma música que está em seu site "Machão".
Nada contra a exposição de minha música, mas na foto não sou eu. "E agora Arly Cravo!" aí aparece um senhor que não sou eu.
Por curiosidade gostaria de saber como me localizou e por que publicou a minha música com outra foto?
Meu site é www.arlycravo.com. Lá tem muitas fotos minhas para publicação.
Um abraço
Arly Cravo»
Perante a nossa explicação - «Nós sabemos que, na foto, não é o senhor. A sua música foi utilizada para "comentar" uma situação da política portuguesa», Arly Cravo replicou:
«Agora entendi o sentido da minha música a ilustrar o político.
Fico muito honrado com isso.
Agradeço em muito o prestígio.»
E nós agradecemos a atenção.
Senhoras e senhores, Arly Cravo!
«Meus caros,
Meu nome é Arly Cravo, brasileiro, autor e intérprete de uma música que está em seu site "Machão".
Nada contra a exposição de minha música, mas na foto não sou eu. "E agora Arly Cravo!" aí aparece um senhor que não sou eu.
Por curiosidade gostaria de saber como me localizou e por que publicou a minha música com outra foto?
Meu site é www.arlycravo.com. Lá tem muitas fotos minhas para publicação.
Um abraço
Arly Cravo»
Perante a nossa explicação - «Nós sabemos que, na foto, não é o senhor. A sua música foi utilizada para "comentar" uma situação da política portuguesa», Arly Cravo replicou:
«Agora entendi o sentido da minha música a ilustrar o político.
Fico muito honrado com isso.
Agradeço em muito o prestígio.»
E nós agradecemos a atenção.
Senhoras e senhores, Arly Cravo!
Tenho 32 anos
Scarlett Johansson resolveu explicar uma alegada cena de marmelada e sexo, no elevador, com Benicio del Toro, antes da cerimónia dos Óscares. A actriz, de 19 anos, admite abertamente que apenas considera sair com homens nos «seus trinta anos»...
Operação «Apito Dourado»
O primeiro-ministro, Durão Barroso, adiou para o Outono uma visita oficial ao México, de forma a poder assistir à final da Liga dos Campeões, entre o FC Porto e o Mónaco, que terá lugar no próximo dia 26, na Alemanha. A justificação é que o Governo entende que, a 15 dias do Euro, é preciso estar ao atento ao futebol. As eleições europeias são a 13 de Junho. [in Público]
11.5.04
«Comments»
Recuperámos o espaço de comentários, agora gerido no próprio Blogger. Os que andavam lá para trás talvez se tenham perdido, talvez não. Mas agora (e, por enquanto, com apresentação em "inglês") já é possível deixar um comentário: basta «comments» em cada texto. Aceitam-se protestos, anúncios, insultos, obscenidades, propostas... sobre o blogue, sobre a nova imagem, o que vos aprouver.
Contemplação
O Tejo esta tarde, sob um sol de Primavera - fantástico. E Laetitia, ela (sim, regressamos a ela), aqui mais abaixo, que hoje faz 26 anos. Isto deve andar tudo ligado...
PS - Vale a pena visitar também os primos galárzicos, que postaram vários caminhos para a contemplação.
PS - Vale a pena visitar também os primos galárzicos, que postaram vários caminhos para a contemplação.
10.5.04
Sim, somos nós...
Não, não se enganaram. Bateram à porta certa. Mudámos. Não sabemos se mudámos para melhor ou pior. E enquanto não recuperamos os comentários, perdidos algures num caixote das mudanças, podem fazer chegar os vossos protestos à nossa caixa de correio...
Fomos a banhos...
E quase que nos perdíamos por lá. Mas mais valia ter ficado. Para quê ocuparmo-nos do mundo, quando este é um lugar de coisas feias. Há em Lisboa o Beco do Belo. Podia ser a morada dela, ou a nossa - exilados do mundo. Assim, não tropeçávamos em Guantanamo, Abu Ghraib ou no número de desempregados que cresce nas ruas das nossas cidades. Mas aquele beco, assim fechado, fora do mundo, tornava-nos também mais feios. A cidade vive disto tudo, alimenta-se destes extremos: da mulher bela que é Laetitia, do horror das prisões, do temor dos prisioneiros às mãos dos carcereiros, em Bagdad ou em Havana. O pior é descobrir que há quem queira tornar belo o que é feio, em sustentar o intolerável, em defender as fotos da tortura com exercícios de memória selectiva.
9.5.04
Boletim meteorológico
«O Verão está na moda», promete-nos ela pelas ruas de Lisboa.
Enquanto o Verão não se decide, nós convidamo-la cá para casa...
Enquanto o Verão não se decide, nós convidamo-la cá para casa...
À atenção dos amigos beiramarenses deste blogue
O Beira-Mar ao que parece foi comprado (pelo menos, parte da "sua" SAD, ou coisa que o valha) por uma sociedade inglesa, que quer trazer um novo treinador. Chama-se Mick ("who?") Wadsworth e tem direito a site e tudo. Só que vê-se a coisa e não se acredita: o Beira-Mar quer contratar Mick 'bigger bastard then Mick Wadsworth' Wadsworth. Para ler - e chorar a rir.
ISTO É TORTURA!
«In April 2003, the Defense Department approved interrogation techniques for use at the Guantanamo Bay prison that permit reversing the normal sleep patterns of detainees and exposing them to heat, cold and "sensory assault," including loud music and bright lights, according to defense officials.» [in Washington Post]
Não há defesa possível, não há relativismo aceitável: ler - muito a propósito: «Atrocidades e Relativismo», de Ana Sá Lopes.
Não há defesa possível, não há relativismo aceitável: ler - muito a propósito: «Atrocidades e Relativismo», de Ana Sá Lopes.
8.5.04
A cantiga é a arma
Ontem à noite, no Coliseu de Lisboa, repetiu-se a magia de José Mário Branco. O João telefona-me no final, a confirmar o que lhe tinha dito depois de o ouvir no Porto: «Ele está muito mais vivo do que morto».
Preia-mar às 18h10 (porto de Cascais)
O Expresso diz-nos que Pinto da Costa vai ser chamado a depor e que a sua detenção esteve em cima da mesa, mas foi afastada por «motivos processuais». O Expresso diz que a polícia portuguesa está preocupada com uma equipa de televisão da Al-Jazeera que anda a filmar os estádios e, assim como quem não quer a coisa, lembra que um jornalista desta estação foi detido em Espanha, em Setembro de 2003, às ordens do juiz Baltazar Garzon, sob a acusação de pertencer à Al-Qaeda. O Expresso conta que a Madeira está a caminho da autonomia fiscal, contra a opinião do demissionário director dos Impostos, colocado entre a espada e a parede por Ferreira Leite, sempre ciosa dos anéis dos outros. O DN conta-nos que o Portas e o PS abriram uma guerra por causa das viagens de helicópteros, com Portas-ministro a esquecer-se uma vez mais e sempre do Portas-acidental-director-do-Independente e a prometer divulgar a lista dos dirigentes do PS que terão também usado helicópteros. Por bem menos, lembre-se, o país ardeu com as passeatas de um comandante dos bombeiros de Lamego e seus amigos. Valentim foi ao jantar do aniversário do PSD, lembrando a solidariedade de Durão, e Nobre Guedes elogiou Deus Pinheiro, um dia depois de ter elogiado Avelino Ferreira Torres. Lá fora, como cá: Rumsfeld assume «toda a responsabilidade» pelos abusos no Iraque mas não se demite. Quem disse que o nosso país é mais deprimente que os outros? Está sol, mas por aqui trabalha-se. Boa tarde.
7.5.04
Empréstimo de livros em bibliotecas públicas em risco
Graças a uma daquelas mudanças na legislação que ninguém percebe bem, a Comissão Europeia quer que as bibliotecas passem a pagar às editoras para emprestarem os seus livros ao público. A BAD (Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas) está a fazer uma petição para tentar evitar esta monstruosidade: não custa nada assinar aqui - e passar a mensagem a todos os vossos contactos!
6.5.04
Abruptamente!
Um dia ouvi falar em blogues. E ele falava deles entusiasticamente. Hoje, fez um ano de blogue: o Abrupto caminha há um ano. E mesmo pela discordância de orientações - e mesmo que ele pareça ignorar a blogosfera - é bom acompanhá-lo... Para nos chatearmos, para nos rirmos, para descobrirmos Marte ou Estrasburgo.
Vendilhões fora do templo
Em Fátima foram distribuídos uns folhetos idiotas a apelar ao voto nas forças políticas que defendem Deus na Constituição Europeia. Mas, ao que parece, os folhetos foram distribuídos na cidade e não no santuário, o que faz muita diferença. O que me parece que deve ser debatido é se isto acontece porque se tornou normal os modernos vendilhões invocarem sistematicamente o nome de Deus em causa própria?...
5.5.04
A pastilha elástica insiste... (Abril é evolução, dizem)
O ministro da Defesa anunciou hoje «o fim do ciclo dos chaimites».
Não há quem lhe faça o jeitinho?
«Mesmo lesionado, eu participarei na final», disse hoje Durão Barroso.
Para além do Porto...
... hoje temos outra Terra da Alegria, onde se fala de Rambo (sim, ele), de cadeiras de bispos, do trabalho que não liberta, de "clubes cristãos" a derrubar e angústias como aventuras. A ler, aqui.
4.5.04
Parabéns...
... ao Pedro e à Susana, à Cláudia e ao Rui, ao Jorge, à Susana e ao Zé Carlos, à Tatiana e ao Daniel, ao Nuno, ao Ricardo, à Sílvia e ao Gil, ao Carlos, à Luísa, à Judite, ao Francisco, e a todos os outros amigos portistas que agora me "escapam". Mas também parabéns a todos os amigos que gostam de futebol. Foi grande a festa. Agora, para nós, que venha a Taça!
Um cantinho de hooligan
Chama-se Aviz, mas não é o blogue do mestre de Aviz. Copia os seus textos, os seus links, o seu template, o e-mail, tudo, tudinho: não sei se é uma brincadeira de Francisco José Viegas. Duvido: parece-me mais o cantinho de um verdadeiro hooligan, um caso de violação de direitos de autor de um tal Carlos Duarte.
Actualizado a 5/5/04: FJV já esclareceu - trata-se de "papel químico na internet".
Actualizado a 5/5/04: FJV já esclareceu - trata-se de "papel químico na internet".
Cartão inválido
Continua a saga no início de cada mês: o passe legitimamente adquirido na estação da CP de Campolide não pode ser validado para andar na Carris e no Metro. A bilheteira da CP não tem máquina para o efeito. Assim, e enquanto não usar o Metro, vejo-me quase clandestino a entrar nos autocarros, com a máquina a apitar e o visor a apontar-me o dedo: «Cartão inválido».
E fazem eles pomposas declarações sobre política de integração de transportes. Pffff! Falam tipos que nunca andam de transportes públicos e jogam ao faz-de-conta, quando vão a Coimbra passear-se em 1ª classe («executiva») de Alfa Pendular para ver um jogo de futebol...
E fazem eles pomposas declarações sobre política de integração de transportes. Pffff! Falam tipos que nunca andam de transportes públicos e jogam ao faz-de-conta, quando vão a Coimbra passear-se em 1ª classe («executiva») de Alfa Pendular para ver um jogo de futebol...
Serviço público
A Glória Fácil desenterrou verdadeiras pérolas parlamentares da III República: a ler em cinco capítulos. [Obrigado, JPH]
Cidade de Deus, Cidade das Pessoas
- A cidade como espaço de Solidariedade (3ª feira, 4.Mai.04 - 18:30 h)
Nuno Teotónio Pereira, Pe. Valentim Gonçalves, Maria Calado
moderador: Frei Bento Domingues
- Sinais de Deus na Cultura (3ª feira, 11.Mai.04 - 18:30 h)
Pe. João Resina Rodrigues, António Osório
moderador: Guilherme d'Oliveira Martins
- Culturas e Religiões - Que diálogo? (3ª feira, 18.Mai.04 - 18:30 h)
Pe. Peter Stilwell, Abdool Karim Vakil, Esther Muznick
moderador: Francisco Sarsfield Cabral
- Igreja - Que presença no Mundo Urbano (3ª feira, 25.Mai.04 - 18:30 h)
Alfredo Bruto da Costa, Pe. António Janela, Duarte Nuno Simões
moderador: José Torres Campos
As Conferências de Maio serão realizadas às terças-feiras, das 18:30 às 20 h, no Centro de Estudos da Ordem do Carmo, na Rua de Santa Isabel, 128, Lisboa. Metro: Rato. Autocarros: 9, 20, 32, 38.
Organização: Centro de Reflexão Cristã, centroreflexaocrista@oninet.pt
Nuno Teotónio Pereira, Pe. Valentim Gonçalves, Maria Calado
moderador: Frei Bento Domingues
- Sinais de Deus na Cultura (3ª feira, 11.Mai.04 - 18:30 h)
Pe. João Resina Rodrigues, António Osório
moderador: Guilherme d'Oliveira Martins
- Culturas e Religiões - Que diálogo? (3ª feira, 18.Mai.04 - 18:30 h)
Pe. Peter Stilwell, Abdool Karim Vakil, Esther Muznick
moderador: Francisco Sarsfield Cabral
- Igreja - Que presença no Mundo Urbano (3ª feira, 25.Mai.04 - 18:30 h)
Alfredo Bruto da Costa, Pe. António Janela, Duarte Nuno Simões
moderador: José Torres Campos
As Conferências de Maio serão realizadas às terças-feiras, das 18:30 às 20 h, no Centro de Estudos da Ordem do Carmo, na Rua de Santa Isabel, 128, Lisboa. Metro: Rato. Autocarros: 9, 20, 32, 38.
Organização: Centro de Reflexão Cristã, centroreflexaocrista@oninet.pt
Profissão de fé
«Julgo que (felizmente) o que distingue a esquerda da direita é a esquerda ser necessariamente religiosa. A opção de lutar ao lado dos fracos contra os fortes é uma opção religiosa não sustentável por qualquer visão "científica" do mundo.
Mas, se calhar a direita também é religiosa. Tem a fé de que os fracos não são precisos para nada. E tem fé em teorias "científicas" que legitimam essa fé.»
in Timshel
Mas, se calhar a direita também é religiosa. Tem a fé de que os fracos não são precisos para nada. E tem fé em teorias "científicas" que legitimam essa fé.»
in Timshel
3.5.04
As estratégias do desejo*
Anda um tipo a receber encómios diversos por um blogue colectivista que se dá ares de católico e logo o pecado mora ao lado. O palácio do desejo abriu-nos as suas portas.
E apetece cantar...
«Mão morta/Mãe morta
Vai bater àquela porta
"Que se lixe quem não dança"
(disse Carl Jung)
É o século XX/
É o sexo vintage
A nossa doença, a nossa militância
É há cá quem sofra de complexos
E quem se queixe de SIDA
Mesmo de novas misturas
Em casais de pombos
E há cada vez mais novos combos
E até electro-choques
Insulina a rodos e outros mentais retoques
Querida,
Apareces-me em sonhos
Com penas de gato e muita comida
Que não te falte nada
Mesmo assim vestida
A tua líbido é mistura
De desejo e bebida
Como a cabeça do bispo
Tu comes a cabeça da dama
Vendo-te o "cavalo"
Empresto-te a torre
Mas quero saber que me ataca
Atropelo um peão
Juro que ele não morre
Baby eu sei que não sente
Liebschen ele nem trabalha
Não come não sente
Já não se lembra quem é...
E o luar é tão cândido
E eu e tu Ana tudo é pureza e limpeza
E era tudo tão claro
E agora é tudo tão vago
Tudo gente tão podre
E há uma assimetria
Com um toque de lobotomia
Ó miss Psicanálise - Que perfeita que és
E tão pequenina
Com umbigo e tudo - E até unhas nos pés
Que saúde que tens!
(Como eu a invejo)...
Que perfeita que és da cabeça aos pés!
(«Freud & Ana», do álbum «Os Homens não se Querem Bonitos, de 1985
Letra e Música: Rui Reininho, Alexandre Soares, Jorge Romão e Toli)
* - título retirado do livro de Tolentino Mendonça, que apresenta «um discurso bíblico sobre a sexualidade» (ed. Cotovia, 1994), recuperando uma intervenção nas Jornadas de Universitários Católicos, do Movimento Católico de Estudantes, de 1992. O blogue deste e outros companheiros também foi acolhido no palácio...
E apetece cantar...
«Mão morta/Mãe morta
Vai bater àquela porta
"Que se lixe quem não dança"
(disse Carl Jung)
É o século XX/
É o sexo vintage
A nossa doença, a nossa militância
É há cá quem sofra de complexos
E quem se queixe de SIDA
Mesmo de novas misturas
Em casais de pombos
E há cada vez mais novos combos
E até electro-choques
Insulina a rodos e outros mentais retoques
Querida,
Apareces-me em sonhos
Com penas de gato e muita comida
Que não te falte nada
Mesmo assim vestida
A tua líbido é mistura
De desejo e bebida
Como a cabeça do bispo
Tu comes a cabeça da dama
Vendo-te o "cavalo"
Empresto-te a torre
Mas quero saber que me ataca
Atropelo um peão
Juro que ele não morre
Baby eu sei que não sente
Liebschen ele nem trabalha
Não come não sente
Já não se lembra quem é...
E o luar é tão cândido
E eu e tu Ana tudo é pureza e limpeza
E era tudo tão claro
E agora é tudo tão vago
Tudo gente tão podre
E há uma assimetria
Com um toque de lobotomia
Ó miss Psicanálise - Que perfeita que és
E tão pequenina
Com umbigo e tudo - E até unhas nos pés
Que saúde que tens!
(Como eu a invejo)...
Que perfeita que és da cabeça aos pés!
(«Freud & Ana», do álbum «Os Homens não se Querem Bonitos, de 1985
Letra e Música: Rui Reininho, Alexandre Soares, Jorge Romão e Toli)
* - título retirado do livro de Tolentino Mendonça, que apresenta «um discurso bíblico sobre a sexualidade» (ed. Cotovia, 1994), recuperando uma intervenção nas Jornadas de Universitários Católicos, do Movimento Católico de Estudantes, de 1992. O blogue deste e outros companheiros também foi acolhido no palácio...
(neuropublicidade de borla para o nosso primeiro-ministro)
Conhece a «programação mental e neurolinguística»? Não? É «um poder extraordinário e infinito dentro de si, que precisa de ser activado e orientado para conseguir tudo na vida». Tudo? Sim: «Esta é a terapia mais rápida e eficaz para os seus problemas. Falta de sorte, insucesso amoroso e profissional. Todas as doenças podem ser tratadas com a criação de novos padrões mentais: úlceras, artrite, bronquite, enxaqueca, esgotamento cerebral, complexos de inferioridade, timidez, gaguez, psicose, tristeza, fobia, desânimo, fracasso, desmotivação, depressão, angústia, tabagismo, alcoolismo, frigidez, impotência sexual, etc.». Bem me parecia que a depressão do país tinha solução. Afinal, garante-nos a «programação mental», «todas as doenças e infelicidades são originadas na mente (psicossomáticas). O seu diálogo interior obsessivo, os seus pensamentos negativos, as preocupações persistentes, os medos, os traumas e complexos condicionaram a sua conduta e influenciaram o seu destino».
[citações de um panfleto distribuído à saída do metro. por razões óbvias não se indicam contactos. apenas ao próprio Durão]
[citações de um panfleto distribuído à saída do metro. por razões óbvias não se indicam contactos. apenas ao próprio Durão]
A Galp não patrocina este blogue
... nem este e nem este. Aqui, também não há imunidade parlamentar que nos salve. Pelo que o senhor primeiro-ministro faria melhor em explicar ao país a negociata que passa pela empresa petrolífera do Estado. Mais: o sr. António Mexia, da Galp e do Compromisso Portugal, bem podia explicar o seu compromisso com a Al-Qaeda. Sim, leram bem: aquela coisa do Bin Laden...
Não invocar o nome...
Alguns dos nossos governantes têm o credo na boca. Salta-lhes a verbe quando lhes convém o Verbo. Ficou para a história a pia crença paulística da intervenção da senhora de Fátima junto do malfadado «Prestige», para levar o mal às costas de Espanha e de França (numa clara derrota de São Tiago de Compostela e da senhora de Lourdes).
Volta e meia, a boca dos senhores do Governo e dos partidos que o sustentam enche-se de «meu Deus», «graças a Deus» e outras expressões populares. Só faltava, afinal, a senhora do défice vir invocar o nome de Deus mais uma vez e sempre em vão. Manuela Ferreira Leite disse em repasto do Primeiro de Maio (acaso saberá ela o que se celebra neste dia?): «Deus nos defenda que os socialistas voltem ao poder, mesmo que seja daqui a muitos anos».
Deus - que nunca é tido e achado nestes dislates - já se queixou à Autoridade da Concorrência, por invocação sistemática do seu nome. Em vão, senhora ministra, em vão.
Volta e meia, a boca dos senhores do Governo e dos partidos que o sustentam enche-se de «meu Deus», «graças a Deus» e outras expressões populares. Só faltava, afinal, a senhora do défice vir invocar o nome de Deus mais uma vez e sempre em vão. Manuela Ferreira Leite disse em repasto do Primeiro de Maio (acaso saberá ela o que se celebra neste dia?): «Deus nos defenda que os socialistas voltem ao poder, mesmo que seja daqui a muitos anos».
Deus - que nunca é tido e achado nestes dislates - já se queixou à Autoridade da Concorrência, por invocação sistemática do seu nome. Em vão, senhora ministra, em vão.
A balada da Rita
Lembram-se da Rita? Não, eles não lhe roubaram o título. Foi ela que nos ofereceu aquela frase cheia de tudo: «Enchamos tudo de futuros».
À porta do estádio (monólogo de um adepto)
Dá-me licença, sô guarda. É só uma garrafinha. O guarda-chuva? Vem aí borrasca, é p'abrigar, pode ser? Não?! Nem garrafinha, nem guarda-chuva? São objectos perigosos? Ok, sô guarda, juro que ainda no último jogo aqui neste estádio vi um tipo passear-se com uma barra de ferro ou um pau... Ah! mas nessa altura correu tudo bem? Pois foi, pois foi... Ok, olhe ofereço-lhe a garrafinha e tome lá o guarda-chuva. Se chover já se pode abrigar... Adeus, vou ver a bola.
1.5.04
Para celebrar hoje o Primeiro de Maio
«Resistir é vencer», hoje no Coliseu do Porto, com amigos. E no palco outros amigos: José Mário Branco, Sérgio Godinho e Júlio Pereira.
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