25.1.08

Curtas memórias (de Roma a Lisboa)

Berlusconi já rosna por eleições, para voltar ao poder que lhe permite a impunidade e a imunidade absoluta. Basta ver os seis canais nacionais de TV: três públicos, de uma RAI pouco dada ao serviço público; três privados, nas mãos de Don Silvio, il padrino que é chamado a participar em tudo o que é programa, da bola ao social, uma permanente campanha, um precioso tempo de antena. Este não é um verdadeiro regresso: ele andou sempre por lá, a pairar, a esbranquiçar os dentes, a colocar mais cabelo, a eliminar rugas. A cosmética serve para gritar agora por uma preocupação social, que a Forza Italia não representa. Em Florença, nos dias que antecediam o Natal, havia cartazes a protestar da Forza contra os aumentos do custo de vida promovidos pela esquerda, obliterando a realidade de um país que foi governado para ricos e por lóbis.
Um pouco à imagem e semelhança de um CDS-PP que agora se traveste em paladino de uma reforma fiscal, supostamente em defesa dos mais fracos, quando o seu Governo e ministro deu cabo do rendimento mínimo garantido. (Lembram-se da rábula dos velhinhos e lavradores? E também Paulo Portas embranqueceu os dentes.) Ou ainda à imagem deste PSD bicéfalo, em que agora Santana quer aparecer transfigurado contra as agências de comunicação ou contra o país doido do futebol, ele que fez da política de governo uma agenda de venda de comunicação e propaganda e do futebol trampolim. Eles andam aí, e o mundo definitivamente não se viu livre deles. A memória curta aflige.

[Senadores da Forza Italia a festejarem a votação da moção. Como no futebol.]