31.1.06

Mais à tangente ainda

O Tribunal Constitucional anunciou hoje os resultados oficiais das eleições presidenciais de 22 de Janeiro que deram a vitória a Cavaco Silva. A proclamação oficial deu uma maioria de 50,54 por cento a Cavaco, com 2 773.431 votos.

Portas fechadas

De que me serve que o Governo em peso ouça Bill Gates? O Zé ou a Maria, que só são ouvidos no arraial das campanhas, se calhar também têm umas dicas boas para os senhores ministros. Queiram eles ouvi-los.

[actualizado: Tem razão o jmf. E o Zé e a Maria só têm software das couves...]

30.1.06

Chaves para uma discussão

Apesar de tudo, o cinema nacional ainda está muito longe de Hollywood.

Faltou qualquer coisa em Davos


Sharon Stone

O cantinho do hooligan*

Ouvido num jantar de caboverdianos benfiquistas: "O Benfica perde sempre com 'timinhos'. Depois do Gil Vicente..."

Jim Henson meets The Monty Python

Internet is for porn! Ouçam a letra! Ouçam a letra!

[obrigado ao Olímpio, pela dica]

27.1.06

Nomes estranhos (suite)

Não é preciso inventar nomes estranhos. Basta consultar a lista telefónica e descobrir «Vidrines Eugénio Fernandes Bagina». A despropósito: é morador no Largo de Nossa Senhora das Febres, de uma cidade onde se trocam os vês pelos bês.

Caminhar

Programa para um sábado de manhã frio.

[menu]

À falta de melhor: bife de frango com ervilhas vaporizadas e batatas.

A perspectiva dos adeptos

«Baixem os vossos blocos e os vossos lápis, baixem os medidores de gritos, a polícia de moda, deixem tudo isso de lado e olhem apenas para o jogo pela perspectiva dos adeptos», atirou Maria Sharapova na conferência de imprensa após a derrota frente à belga Justine Henin-Hardenne.


Fiquei verde

Não se faz aqui a apologia do Hamas. O que se diz é que não se pode meter tudo no mesmo saco. O movimento que agora ganhou as eleições palestinianas não é a Al-Qaeda. Os terroristas de Bin Laden nunca ganhariam eleições - detestam a democracia, nunca se sujeitariam como grupo eventualmente político a eleições. E isto faz toda a diferença. A outra, que não se pode desdenhar, é a rede de acção social que o Hamas instituiu. Longe da "rede" da Al-Qaeda, que só assenta em campos de guerrilheiros.

25.1.06

Esperando D. Sebastião (ainda)


Miguelanxo Prado, «Esperando D. Sebastião», in Carta de Lisboa

Levar poesia à cidade

"As eleições acabaram, o estertor das derrotas farão mazelas e caminho para os próximos dias e semanas. O fragor da vitória foi fátuo, mesmo ensosso, próprio de um tempo que não pede brincadeiras. Os cristãos nestas eleições deixaram correr. Mais uma vez." Ler o resto, aqui, na terra sem amos.

Ponte para outras portagens

É assim: quando se fala em portagens logo nos lembram que o princípio da partilha não se pode aplicar. Quem passa na 25 de Abril ou na Vasco da Gama, quem vai pela scut daqui ou dacolá, que pague. Agora fala-se no IVA que os utentes das pontes de Lisboa terão de pagar a mais. Imagino um Ludgero Marques ou um Belmiro Azevedo virem clamar pela justiça da coisa, enquanto atravessam calmamente a Ponte do Freixo ou a do Infante sem nada pagarem...

24.1.06

Tangências


Miguelanxo Prado, «Tangências»

Movimento cívico


Fantástico anúncio.

Demasiados

Mais de 180 mil ou 100 mil mortos em Timor-Leste são sempre muitos mortos. Demasiados mortos.

Tangências

Pacheco diz que a vitória de Cavaco não é à tangente... Porque tem mais votos que os outros cinco e 30 por cento de vantagem. Mas conseguiu apenas 0,59 por cento acima da não-vitória. E se tivesse mais, Pacheco diria que a vitória tinha sido inequivocamente e sem tangências...

Votei bem


A forma violenta como o Bloco de Esquerda e os bloquistas atacam o segundo lugar de Manuel Alegre significa que votei bem: mostra como a sua candidatura mexeu com os que achavam que o "status quo" da diferença (que confundem com verdade única) era seu; e revela como deixam cair a máscara: o combate não era Cavaco ou a direita, era arregimentar votos para cobrar. Ao PS, ao Governo.

23.1.06

Bom

O meu vizinho vai mudar-se para Belém.

Mau

Mau sinal para os próximos 1825 dias: esta noite tive uma insónia.

...

Resistir é vencer!

22.1.06

Lavar as mãos

A SIC, por Clara de Sousa e Rodrigo Guedes de Carvalho, tenta assacar as culpas a Sócrates pelo seu corte da transmissão da declaração de Manuel Alegre. Ficámos a saber: o gabinete do primeiro-ministro decide a linha editorial da SIC - e dos outros canais, já agora.

Nojo

Alegre fala ao país. Alegre é o segundo mais votado. Sócrates começa a falar, sacanamente. As televisões alinham na sacanice. E esquecem os votos de mais de 20 por cento dos portugueses. É a televisão que temos. Pobre país, o nosso.

À rasca

Soares foi eleito em 86 com 52 por cento. Cavaco terá pouco mais de 50 por cento. Saberá ser, como foi Soares, "presidente de todos os portugueses"? Duvido.

Editorial

Pronto. Saiu a fava ao país. Apre!

Rés-do-chão

O ritual repete-se: caminhar a pé até à Escola Manuel da Maia, gozar do sol quente de Janeiro, passar junto ao marco que assinala "aqui foi mar há 20 milhões de anos", se não me falha a data, ser abordado pelos bombeiros, "quer contribuir", espreitar o número da secção e descobrir que, este ano, já não voto no primeiro andar (onde estão as secções dos eleitores mais recentes), fico-me pelo rés-de-chão, sétima secção. A idade não perdoa, é o que é.

21.1.06

Notas para reflexão (II)

Neste blogue não damos cavaco a este dia. Nem ao seguinte.

Notas para reflexão

(Da Grândola, que foi assassinada por uma esfinge.)

20.1.06

Polis

«Deixem-me levar um pouco de poesia». Manuel Alegre.





[terá sido assim, esta noite, no Atlântico.]

CIB comédia

Tenho andado intrigado com os números desta casa. Já chegámos aos 100 mil, em dois anos e meio, mas na quarta e quinta-feira atingimos 450 visitas. Coisa rara, inédita. Afinal, a coisa parece ter uma explicação, segundo o Pedro. No programa da SIC Comédia, "O Prazer dos Diabos", José de Pina terá "acusado" Boucherie Mendes de ter tido em tempos um blogue. E como prova apresentou uma breve crónica desta chafarica, diz-me o Pedro. Estamos feitos. Já nos lêem na SIC Comédia.

19.1.06

Simulacro de Bush

A França reserva-se o direito de ripostar com armas nucleares contra qualquer país que lance um ataque terrorista em território francês, afirmou hoje o Presidente francês, Jacques Chirac.

A fava

O homem que se acha sebastião afinal pode ter de engolir a fava. Uma segunda volta, como não se esperava. E como ele não queria. Se houver uma segunda volta, Cavaco tem uma primeira derrota: não será monarca de bruma de nevoeiro...

18.1.06

Novidades de alegria*

"Era uma gaiola de rede metálica, enorme. Sem tecto. Nem chuva. E nada se passava lá dentro." A terra, renovada, com novos semeadores e comentários ao que ali se lavra.

* - e como que, sub-repticiamente, se fala de política...

[agradecimento]

Aos que comentaram, telefonaram, postaram, smsaram ou emailaram. Muito obrigado.

Uma excelente prenda

Uma boa prenda

Ontem, recebemos o visitante 100 mil. É obra: uma chafarica dada a coisas cá da gente, sem rasgo ou padrinhos, atinge 100 mil visitantes. E em dia de aniversário do animador, com outros tertulianos a postarem de novo, ao fim de meses em silêncio. Vou ali festejar mais um bocadinho.

17.1.06

Passar na Casa de Partida

... sem receber 2.000$00 (era assim... e não em euros. Lá vai o tempo!).
Mas vale a pena passar nesta casa de partida, mesmo sem receber as merecidas notitas de papel, para dar os parabéns ao Miguel.

Um grande abraço!

Para mim tanto me faz.

Piadas fáceis à parte, com sobremesas, a verdade é que me sinto muito pouco motivado para estas eleições. Não me revejo em nenhum dos candidatos, pasmem-se os anteriores comentadores. Digo mais: começo a rever-me pouco neste modelo político actual, e no cargo (figurativo?) de Presidente da República. Valerá a pena tanto investimento político nas campanhas, sondagens diárias, para as efectivas competências do cargo?
Vou dizer isto de outra forma: não acredito que dia 22 represente um marco essencial, ponto de viragem, para a recuperação da crise que vive o país. Ou que contribua, de alguma forma, para tal no futuro. Estou com o Ricardo Araújo, um Presidente tem a competência quase exclusiva de apelar à serenidade. E pouco mais.

Ora e contribuir para a recuperação económica, social, judicial, etc e tal, do país é que me apetecia mesmo a sério.

Vou votar, óbvio. E sou gajo (ainda não completamente convicto) para votar ou Cavaco, ou Louçã, dependendo da ideia que me passar pela cabeça na altura de abotar a cruz lá no papelucho. Sou assim, de contrastes. Gosto da vida como ela é.

E agora o mais importante:
Parabéns Miguel. Que faças muitos e bons.

Dia cheio

É sempre uma prenda de anos. Nem que seja para olhar. (Quase tão bom como o regresso a esta casa de dois companheiros. Quase...)

O voto e a portugalidade

Andei aqui umas semanas agastado, com a angústia de saber em quem votarei no próximo domingo, caso deus nosso senhor me dê saúde para lá chegar.

Cavaco nunca, decidi. Não gosto do homem, da atitude, do cepo.
Soares custava-me. Andei ali nas luzes da cidade a ver se o homem ainda dizia alguma coisa de nova, mas nada. Sai-lhe o discurso que, mascarado de optimismo, é pessimista e de fim-de-mundo. Ou ele ou o caos. Também não quero. Chega de medo mascarado.

Depois Alegre. Que grande bico de obra. Entusiasmei-me com a coragem do homem. A poesia trovadoresca que escreve é bonita, a prosa tem sensibilidade. Avançar contra o Sócrates e os lacaios do costume parecia-me bem. Mas ao longo da campanha, foi-me desiludindo. Que raios, será que a alma de poeta é tão tímida que o “a mim ninguém me cala” só funciona quando o querem calar?

Jerónimo. Doce Jerónimo. Quando está à solta, parece um D. Sebastião do novo comunismo. Mas quando se cansa ou está em conferência de imprensa, lá vem o chavelho do discurso redondo. Corta. Não quero.

Louçã. Dedidi rapidamente. Um homem que autoriza que o seu site na net se chame franciscopresidente é um egocêntrico. Depois, lá emendaram a mão e puseram um simples fl2006. Mesmo assim, não me trouxe maior novidade. Longe vão os tempos do PSR. Este é o tempo do RSFF dirigido ao PS.

E Garcia Pereira. Até tinha graça, mas o cachecol vermelho como cedência ao marketing e as ideias peregrinas – como esta de haver três supremos tribunais no País -, estão a dar cabo da inocência do senhor.

Abstenção, nunca. Nulo ou branco, não me convencem.
Alegre, pá, és o mal menor. Levas daqui um voto. Não convencido. Mas cheio de esperança. Não desiludas. Ou então, recita o Nambuangogo. Sempre é melhor.

16.1.06

Eu também nunca votei Soares

Há quatro meses que não postava e não há fome que não dê em fartura!

Vistas de Bruxelas, a campanha eleitoral e as eleições presidenciais que se aproximam, parecem, ainda assim, muito distantes... Mas, vá lá, vou fazer um esforço.

Eu também nunca votei Soares: em 1986 e 1991 era demasiado novo para essas coisas. Se pudesse ter votado e soubesse o que sei hoje, em 1986 também teria votado em Maria de Lourdes Pintasilgo. Mas como não sabia o que sei hoje, talvez tivesse votado em Mário Soares logo à primeira volta. Em 1991, teria certamente votado Mário Soares, até porque não havia alternativa.

Em 1996 e em 2001, votei em Jorge Sampaio. Apesar da alegria provocada pela derrota de Cavaco Silva, a verdade é que Jorge Sampaio foi sempre uma desilusão e, a mim, não vai deixar saudades.

Em 2006 também não vou votar Soares. Bom, na verdade o que se passa é que não vou votar... Isto de ser emigrante tem os seus problemas... mas isso são contas de outro rosário... a questão que me traz aqui hoje é a de saber se votaria Soares...

Provavelmente não.

Apesar de todas as qualidades que reconheço a Mário Soares, que é um político que admiro, a verdade é que já não me convence... e digo isto com alguma tristeza, confesso... provavelmente votaria, como muitos outros socialistas, em Manuel Alegre.

Não é que Manuel Alegre me convença muito mais... mas, ainda assim, é o candidato que mais parece aproximar-se dos princípios e das ideias com que me identifico.

Seja como for, parece óbvio que já nada poderá evitar a vitória de Cavaco Silva à primeira volta. Esta eventualidade deixa-me triste... mas, em vez de procurar responsáveis e culpados, o que me parece mais importante, se isso se concretizar, é que a esquerda e, sobretudo, o PS faça a sua auto-crítica e procure avaliar, sem preconceitos, o que correu mal.

E o que correu mal não foi tanto o facto de haver dois candidatos saídos do PS ou tantos candidatos da esquerda; o que correu mal foi o PS e/ou a esquerda não ter sido capaz de apresentar um candidato vencedor. Isso é que é preocupante: a incapacidade para encontrar alguém que seja capaz de se bater de igual para igual com um desajeitado e nada carismático Cavaco Silva.

Mas também vale a pena pensar porque é que num país como Portugal, onde ainda resta tanto por fazer, a maioria do eleitorado continua a preferir a rigidez e a tecnocracia aos valores da Democracia e dos Direitos Humanos; porque é que num país como Portugal, onde vive um povo que tanto merece, o eleitorado continua a preferir as leis da economia neoliberal aos valores enriquecedores da Liberdade, da Justiça e da Solidariedade; porque é que num país como Portugal, cuja história permite retirar tantas lições, o eleitorado continua a preferir o centrismo estagnante à natureza transformadora do Socialismo Democrático.

Deixo as respostas para quem as tenha... eu, por cá, vou continuar a festejar a maravilhosa vitória de Michelle Bachelet no país que, num malfadado 11 de Setembro, foi sequestrado por Pinochet. Porque é preciso continuar a acreditar que a História nunca pode ser travada!

Inho, por mais um aninho

«Em boa verdade, a juventude e a velhice devem medir-se segundo a teoria científica dos Inhos e dos Ões, internacionalmente conhecida, mas ainda pouco divulgada em Portugal. Esta teoria divide cada década em dois lustros – o primeiro que vai dos 0 aos 4 e o segundo dos 5 aos 9. O primeiro lustro é sempre um lustro de juventude, enquanto o segundo, que é um lustro mais baço e mal puxado, é sempre um lustro de velhice. Assim, um vintinho é alguém com 20, 21, 22, 23 ou 24 anos e uma quarentona é alguém com 45, 46, 47, 48 ou 49 anos. Já que os inhos são por definição mais jovens que os ões, conclui-se que uma trintinha é sempre mais nova que uma vintona. De facto, uma mulher com 28 ou 29 anos já se arrasta um pouco com a soma daqueles anos todos em cima (2+9=11), comparado com a frescura toda "mais uma década, mais uma voltinha" de uma rapariga de 30 (3+0=3). Também um trintinho, bem disposto e arranjado, é sempre mais leve que um vintão neurótico, até porque o primeiro sente-se o mais novo do seu grupo etário enquanto o segundo se sente o mais velho.

Esta teoria também é animadora para os Ões e para as Onas, porque sabem que dentro em breve, num máximo de 5 anos, serão Inhos e Inhas outra vez. Imagine-se a alegria do vintão de 29 anos a dizer "Amanhã faço anos!". Faz aninhos. Não há nada melhor que fazer aninhos.»*

Eu, como a idade não perdoa, amanhã faço aninhos. Por mais um ano. Depois passo a ser trintão. Mas só daqui a 366 dias.


* - Miguel Esteves Cardoso, Os Meus Problemas, Assírio e Alvim.

Bigmouth Strikes Again


[clique aqui para ver a adaptação genial do Ivan,
no Super-Mário
, com os cumprimentos dos Smiths]

15.1.06

Nunca votei Soares

É um facto. Em 1986, com quase 14 anos, não tinha idade para ir às urnas. E mesmo se tivesse, o voto à primeira volta teria ido para Maria de Lourdes Pintasilgo, alguém que trouxe uma dimensão ética única para a política. Mas (hoje) teria percebido da sua impossibilidade de vitória, em cima de um mal-amanhado caixote, de megafone em punho, no largo da Estação, a falar para escassas dezenas de pessoas. Na segunda volta, sem engolir sapos, teria recusado o frentismo freitista com o voto em Soares.

Em 1991, já podia votar - e tentei, mas não me deixaram: ausente nos Açores, procurei saber junto da CNE se podia exercer o meu direito antes de partir para as ilhas. Que não, apenas marinheiros (e nem o meu nome me ajudou) ou pessoal diplomata (e nem a minha persuasão funcionou). Assisti, assim, na RTP-Açores, a uma noite eleitoral única: da Madeira, João Jardim a tratar o jornalista por tu ("ó Zé Manel, tu..." - sim, hoje é o líder do CDS local), e nos Açores, Mota Amaral, que ainda reinava, a congratular-se qb. Afinal, Cavaco (e o PSD) apoiava(m) Mário Soares.

Contra Cavaco votei sempre. Em 1991, acordei em Dusseldorf, onde apanhei um avião às 7h da manhã, para um pouco antes das 7 da tarde estar a votar na mesa dos eleitores mais novos na Assembleia Distrital de Aveiro. Era o número 9154 ou algo assim, se não falha a memória. Falhou o voto, na altura: Sampaio e o PS foram cilindrados e Portugal conheceu quatro anos de portagens na ponte, bastonadas contra os estudantes, carnaval a trabalhar, desemprego a aumentar, fundos comunitários a pingarem fora... Em 1996, votei de novo Sampaio e Cavaco foi-se. Varrido à primeira volta.

Agora Cavaco ameaça voltar e ganhar. E eu, hoje, finalmente, posso votar em Mário Soares. Não sei se o farei. Afinal, nestas eleições volta a assomar-se uma quase quixotesca vontade de entregar o voto em Manuel Alegre. Se calhar, será uma nova Pintasilgo, como alguns (desdenharam) prognosticaram. Não acredito, mas não fui eu que disse que a História acabou.

Breve lamento

A Grande Reportagem foi-se, mas no seu lugar surge uma revista (Notícias Sábado), pouco diferente em linhas gerais e com algumas páginas directamente vertidas de uma para a outra publicação. Então, porquê acabar com a GR?

Ainda se estranha...

A Vanessa no Diário de Notícias. Mas voltaremos a entranhar.

Adágio para presença

Aos domingos, trabalha-se.

14.1.06

Adágio para ausência (II)

Ao sábado, descansa-se.

Adágio para ausência

Numa sexta-feira, 13, não se bloga.

12.1.06

Match Point (grand slam)

"Foi muito fácil fazer as cenas de sexo. Estaria a mentir se dissesse o contrário. Lembro-me da Scarlett a dizer para não lhe olhar para as mamas. Mas eu dei uma espreitadela. Não pude evitar, elas estavam na minha cara.”

Jonathan Rhys-Meyers (o "mais alguém"), sobre as cenas com Scarlett Johansson em “Match Point”

11.1.06

Match Point* (três aces)




Scarlett (e mais alguém) no filme de Woody Allen
(clicar para aumentar)


* - agenda para sexta-feira de manhã...

Mortos a mais

"Mais de 2 300 mortes em internamentos hospitalares seriam evitadas anualmente se todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) apresentassem a redução da mortalidade em internamentos registada nas instituições com gestão empresarial, segundo um estudo hoje apresentado." [in Lusa].

O problema é que muitos destes hospitais mandam os doentes morrer longe: nas clínicas de rectaguarda ou nas urgências, com os doentes a recorrerem depois aos hospitais "normais", como Santa Maria ou São José, que não os recusam ou não os despacham (como faz o Amadora-Sintra, por exemplo).

Cá da casa

Francisco, agora é vizinho. Bem-vindo. Esperamos por uma porta aberta, à rua, ao bairro, à cidade.

Campanha eleitoral (caso prático)

Como ler uma campanha? Como fotografar uma campanha? Como analisar as fotos e as notícias que se dão. Pequenos contributos para um debate. [adenda: no lugar de Soares podia estar Alegre ou Louçã ou Jerónimo...]











Imagens da campanha recolhidas esta terça-feira (Soares na Marinha Grande e Tomar, Cavaco em Gouveia). Fotos Soares: PAULO CUNHA/LUSA. Fotos Cavaco: PAULO NOVAIS/LUSA.

10.1.06

Não votarei em branco

Os fascistas de extrema-direita do PNR apelam ao voto em branco. Não posso votar em branco, conscientemente.

Esquizofrenia

Cavaco agradeceu o apoio e o respeito do PSD e do «outro partido» pela decisão de apresentar uma candidatura presidencial independente.

9.1.06

Sem tremores

Mais uma vez, Lisboa treme e eu não sinto nada. Há tempos, achei que era um móvel no andar de cima que tinha caído. Sou um insensível. Não ligo a tremores. Só ao Cavaco... E desse espera-se o pior.

Soares falha o alvo

Soares está em blackout. Falhou. O alvo não são os jornalistas. O Expresso pode ser desonesto na sua primeira página (e mesmo os títulos do interior). Mas o alvo é Cavaco. E o alvo das suas palavras deve ser o eleitorado, a que se chega pelos jornalistas. E isto não é como no futebol, em que a equipa em blackout às vezes até ganha.

Um dia assim, luminoso



[Reese Witherspoon]

O outro lado da moeda

Demagogia? Sim, responderão os neoliberais. Despertar de consciências? Definitivamente.

8.1.06

A produtividade, ora aí está

Uma constipação quase tratada volta de novo, com um ar condicionado que se confunde com um forno, num local mal arejado e sem janelas. Depois, ouço os empresários verberarem contra a produtividade do país, dos trabalhadores.

Um estilo que volta ao de cima

"Cavaco Silva foi hoje recebido em Cascais por centenas de apoiantes, mas foram poucos os que conseguiram "furar" o cordão de segurança e chegar perto do candidato presidencial. "Vamos a abrir caminho, vamos a abrir", foi uma das expressões mais repetidas pelos seguranças e apoiantes que rodeavam Cavaco Silva, impedindo a maioria dos apoiantes e os jornalistas de chegar perto do ex-primeiro-ministro." [Lusa]

Fundamentalismos

"Não existem, apenas, fundamentalistas religiosos. Também existem fundamentalistas ateus e sem religião. E também existem ateus e sem religião que combatem o fundamentalismo de um ateísmo ignorante." Hoje, um texto fundamental, no Público (sem link), de frei Bento Domingues, que pede "mais modéstia nos ateus e religiosos".

6.1.06

Berre-se o hino!

Não gosto da letra do hino nacional. Gosto qb da música, sem maneirismos marchantes ou coisa que o valha. Sorrio com os que gritam aqui del-rei porque o Deco não abre a boca no momento do cântico num jogo de futebol. Recuso-me a obedecer ao militar que me manda parar na rua, quando a bandeira é hasteada. Irrita-me o nacionalismo serôdio do Portas a querer os meninos a cantarem todos às armas! às armas. Por mim, o hino e a bandeira são coisas de todos - e se são de todos devemos fazer o uso que quisermos destes símbolos: hasteá-los no carro ou na varanda, para comemorar o Euro, cantar desafinadamente a plenos pulmões num estádio cheio ou... dar a conhecer uma versão limpinha e bonitinha, como a que se ouve no novo anúncio da PT. Os candidatos presidenciais (sobretudo à esquerda, o da direita diz talvez como sempre) estão contra o anúncio. Eu, que vejo uma possibilidade pedagógica, ali naqueles segundos (os miúdos trauteiam, podem querer saber o que é...), não percebo o incómodo de Louçã ou dos outros candidatos. Ninguém é dono do hino, o hino é de todos. God save the queen, punkaram os Sex Pistols. Heróis do Mar, rockalhou o João Grosso. Haja hino, para berrar!

Fim

Hoje acabou o DNa, um dos mais estimulantes projectos da imprensa portuguesa. Amanhã, é a Grande Reportagem. A Olivedesportos começa a fazer estragos.

Meia rasa

«Só não fui para padre, porque era muito pequeno e seria motivo de risota em qualquer paróquia quando tivesse de pegar na minha meia rasa para chegar ao altar.» Em Aveiro, Arsélio Martins conta-nos como falta «mais que meia rasa para oficiar no altar da democracia». É a nova maioria.

5.1.06

Cristo existiu? O juiz decide

Um ateu italiano não está apenas interessado em defender a inexistência de Deus, mas quer provar também que Jesus Cristo não existiu. Tudo se resume a uma zanga de (ex-)amigos, na casa dos 70, com idade para terem juízo, que acabou em tribunal. Eu, por mim, acho um julgamento importante: decidindo o juiz que Jesus não existiu, os ateus rejubilarão e a sua crença passa a ter validade jurídica acrescida (junta Cristo a Deus). O contrário também acontecerá: os católicos poderão dizer que a sua verdade teologal se escuda não apenas na fé. Terá certidão do juiz. Disto tudo, só fica de fora o bom senso.

[O ateu italiano parece o Dias da Cunha: vai a tribunal, mas desconfia do árbitro e o sistema - a Igreja, claro - já tem a sentença definida, argumenta. Resta-lhe o humor: "Será preciso um milagre para ganhar". Haja esperança, digo eu: o homem ainda se converte...]

Lá em casa, há uma mesa que resiste


a partir de 11 de Janeiro, continuaremos a servir assim...

Sharon[stop]riscovida[stop]eagora[stop]

Falcão. Líbano. Morticínio. Colonatos. Retirada. Muro. A complexidade de uma vida como a de Sharon não se esgota em palavras ou frases feitas. «Not now», pede-se. Mas alguma vez se iria a tempo?

J'adore

Já repararam como as paragens de autocarro estão mais bonitas?

4.1.06

Lá vai o comboio a apitar

Sei bem - por experiência acumulada de anos de utilização de todo o tipo de comboios (milhares de quilómetros em regionais, suburbanos, caixas de fósforos como o Vouguinha, ou alfas, intercidades e sud-express...) - que antes o Intercidades (IC) tinha um serviço de qualidade, com menos paragens. Hoje, o IC parece o Interregional (aliás, pára em mais estações que o IR em 1990, que não parava em Caxarias e só o fazia em Fátima, em épocas especiais, e na Curia, de Maio a Outubro). Hoje, o Alfa Pendular atrofia nos limites de velocidade de obras e muitas paragens... É o que qualquer um constata. De 1990 a 2006, por exemplo, pouco se recuperou nos tempos de viagem entre Lisboa e Porto. Mais: no tempo do Foguete, era mais rápido este que alguns dos comboios modernaços...
Afinal, interessa ter um TGV para depois parar em cada paróquia, se um governo ceder às pressões locais, como sucedeu com o IC e o AP? É isto que pergunto e questiono...

3.1.06

AZERT

Não sei quando comecei a querer ser jornalista. Algures no 9º ano, se não me falha a memória. Na família sempre se apontou a responsabilidade ao irmão mais velho já então jornalista. Talvez seja. Não o nego. Mas houve outras coisas que me influenciaram, e uma delas foi um livro que descobri na estante lisboeta do irmão mais velho: "O Mundo em azert", julgo que seria assim que se chamava. O título, enigmático para um miúdo, descodificava-se nas teclas de uma qualquer máquina de escrever: azert eram as primeiras letras da fila de cima, da esquerda para a direita. Hoje em dia, o nome do livro teria de ser "O Mundo em qwert", desaparecidos os teclados em azert. Mas este mundo ficou ainda mais pobre: Cáceres Monteiro, autor das reportagens que descobri naquela estante, morreu hoje.

O rigor financeiro do prof. Cavaco

«A decisão de construir o CCB foi tomada em 1988, e a obra foi pensada para acolher a presidência portuguesa da então CEE, em 1992.
De um custo estimado inicialmente em 35 milhões de euros, a obra acabou por custar quase 200 milhões de euros.
Um inquérito parlamentar às obras acabou por terminar "inconclusivo" em 1991.»
[de uma notícia da Lusa, via PortugalDiário]

E a desatenção do Público

Para além das crónicas patrocinadas do Dakar, o Público inclui um erro na sua edição de hoje. Na secção de Cultura (pág. 36), é publicado um artigo do Los Angeles Times, que começa por falar do Brasil como a «terra natal» («homeland», no texto original de Henry Chu) de Carmen Miranda (v. nota biográfica na wikipedia). Depois de lido mais de metade do artigo lá vem a nota de que, «na verdade, Miranda nasceu em Portugal». Está conforme o texto de Chu, não está conforme uma informação correcta.

2.1.06

O Público vendeu espaço editorial

Na edição de hoje, o Público publica na pág. 29 (Desporto) uma crónica do piloto de ralis Carlos Sousa sobre o Lisboa-Dakar: «Situações extremas» é o nome da crónica. As letras aparecem com um fundo laranja e o nome do piloto é enquadrado por uma barra também laranja. O boné e fato do corredor não deixam margens para dúvidas de quem paga o texto: a Galpenergia.
Na pág. 30, novo exemplo, ainda mais escandaloso: a crónica de Margarida Pinto Correia, também sobre o rali, «O outro lado do Dakar» é enquadrado com publicidade em cima e em baixo. Em letras pequenas, informa-se que MPC «acompanha o rali a convite da Precision».

[a propósito: houve um debate na blogosfera, que começou com a capa do Público com o King Kong. Eu, que defendo esta opção, como aliás a "pratiquei" no METRO (documento em pdf), não posso deixar de criticar a forma como se apresentam as duas crónicas. Afinal, os gratuitos não se "vendem", como muitos prognosticaram, e os jornais de referência já há muito seguem lógicas que gostam de criticar nos "outros".]


[imagem via Indústrias Culturais]

Não esquecer o essencial*


Vasco Pulido Valente, sobre Mário Soares, em Maio de 2003.


* - as eleições, claro; que o voto esse permanece indeciso.

Boas novas

Do Jornal de Notícias de 26 de Janeiro de 1947 e do Público de 24 de Dezembro de 2005. Lançadas à terra.

Do mundo

O Diário Ateísta incluiu-me nos seus links, classificando este blogue como sendo da «teosfera». É nisto que eles não entendem: esta casa é do mundo.

1.1.06

[diálogos e revelações e exposições]

«A faculdade mais espantosa da web, e da blogosfera em particular, é o modo como liga estranhos por caminhos absolutamente invisíveis.» [o boato, via imagens de 2005]

2006

O primeiro é lindo quando é feito com paixão.