30.4.05
Papa-misto
Perplexidades
2. Ao fim de quase um mês, o tema tornou-se omnipresente na comunicação social e na blogosfera.
3. Não conheço Ivo Ferreira, nem nunca vi nenhum filme dele (parece que fez um, mas já é «cineasta»).
4. Não sei se Ivo Ferreira conhecia as leis do país.
5. O Dubai, um dos emirados do país, não é um destino turístico comum: vai quem pode, ou vai em trabalho quem muito precisa.
6. Há xxxx portugueses presos em todo o mundo. Eventualmente, por crimes que cá não são punidos com prisão. Quantos tiveram a atenção mediática que já teve Ivo Ferreira?
7. Os amigos são para as ocasiões. Louve-se a iniciativa dos familiares e amigos que pressionam as entidades públicas para atender ao caso de Ivo Ferreira.
8. Mas critique-se o tom de Estado com que se acusa o MNE de nada fazer. O Rui, no Barnabé, compara mesmo a alegada ineficácia do MNE, neste caso, com a infeliz atitude do embaixador português na Tailândia, que não percebeu ou não quis perceber a dimensão da tragédia do tsunami, dizendo que o MNE não está preparado para a globalização do turismo, por causa de um charro fumado no Dubai?! Eu quero o MNE preparado para atender a tragédias colectivas e individuais, sim. Mas com a devida proporção na actuação.
Verbo para estes dias
v. refl., irritar-se; agastar-se; jactar-se; gabar-se.
Próprio para a ópera-bufa que se vive por estes dias entre a Lapa e a Oeiras.
29.4.05
Para me animar
"Crime" com nome de "trapalhada"
Os extremos tocam-se
28.4.05
Calão
Mais uma razão para não gostar de gravatas
Festa cigana
27.4.05
Fazemos lá falta!
Na parte da manhã, o tópico será "Há lugar para a religião na vida pública?", debatido por Vital Moreira e Francisco Sarsfield Cabral.
Durante a tarde, católicos de vários quadrantes vão debater o tema: "Ser católico na vida pública".
A entrada é livre.
Tanto a dizer...
Um ano a lavrar a Terra
26.4.05
Correios mas pouco
Little secrets
(finding out true love is blind)
[...]
Wind you up and make you crawl to me
Tie you up until you call to me
Louis IV, Finding Out True Love Is Blind [behind the set]
25.4.05
24.4.05
Vitória! Vitória!
KO!
Mais pequenos segredos
O Midrash ressuscitou em nova casa e com o nome de Eidw.
O Pedro Príncipe desenhou um bonito site das suas (e nossas) cores de viagens - para sonharmos e passearmos.
O Zé Maria Brito fala-nos serenamente, haja o que houver.
E há amigos que andam por cá há um ano a encher-nos de futuros. O mais engraçado é que o dia possível do aniversário cai na data em que a minha história se encheu de futuros.
Por estes dias...
23.4.05
Música (pequenos segredos)
Livros (pequenos segredos)
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
"Baladas Hebraicas" de Else Lasker-Schüler (ed. Assírio e Alvim).
Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Sim, há muitos anos, num Verão inesquecível: por Teresa - de "A Insustentável Leveza do Ser" (por causa de Juliette Binoche, que descobri em simultâneo?).
Qual foi o último livro que compraste?
Comprei para oferecer "Longe de Manaus" de Francisco José Viegas (ed. Asa). Para mim (nós), o último que comprei foi "A História do Capuchinho Vermelho contada a crianças e nem por isso" por Manuel António Pina segundo desenhos de Paula Rego (ed. Museu de Serralves/Público).
Qual o último livro que leste?
O último que terminei foi "A Boda Mexicana" de Sandra Sabanero (ed. Difel/Círculo de Leitores).
Que livros estás a ler?
Muitos, que se acumulam na mesa de cabeceira, em pilhas desordenadas, que a empregada de limpeza insiste em tentar arrumar até à leitura seguinte. De estilos diferentes, lidos quando apetece, conforme a disposição, o sono, a vontade, a paixão: "Breve História de Quase Tudo" de Bill Bryson (ed. Quetzal); "Pedro Páramo" de Juan Rulfo (ed. Cavalo de Ferro), "Pouco amor não é amor" de Nelson Rodrigues (ed. Companhia das Letras), "Imprimatur" de Monaldo e Sorti (ed. Presença) e "Solte os Cachorros" de Adélia Prado (ed. Cotovia).
Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Não há lista possível - nem ilha deserta. Uns que me fascinam hoje, podem não me dizer nada daqui a uns anos (ou menos). Numa viagem de férias (o mais próximo que tenho da ilha deserta) arriscava levar um livro de contos, um romance, um ensaio ou um livro de viagens, um livro de BD e outro de crónicas, o que daria para escolher Nelson Rodrigues e "A vida como ela é", Gabriel García Márquez e "Cem Anos de Solidão", Gilberto Freyre na "Casa Grande e Senzala" ou "A Peregrinação" de Fernão Mendes Pinto, Frank Miller com os dois volumes de "Sin City" e as croniquetas de António Lobo Antunes. Seriam mais de cinco. E daqui a uns tempos já não seriam estes. E...
A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
asl
jmf
Manuel
Para descobrir os mundos por onde me levariam estes amigos. Mesmo que a sua resposta seja o silêncio.
«O Papa é nosso»
22.4.05
Publicidade enganosa
21.4.05
Espírito Santo
- Pra quê?!
[diálogo do cardeal Ratzinger com um outro, eventualmente "progressista", nos corredores do Conclave]
20.4.05
Verbo para estes dias
v. int., empreender; andar apreensivo; meditar; preocupar-se; desconfiar.
Continuaremos a cismar, caro José Mário, sem temores de cismas. O preservativo não é fundamento de fé e isso nem o Papa Bento XVI conseguirá mudar.
[classificados]
O Papão
Sou um homem de pouca fé*
* - expressão com que o meu Pai me brinda em algumas discussões teológicas, lá em casa...
19.4.05
Fumo branco
A Igreja para as futuras gerações deveria ser uma Igreja menos centrada em Roma, que abandonasse decididamente uma concepção piramidal - com o Papa no vértice, seguido pelos bispos, estes, pelos padres, e, por sua vez, estes últimos, pelos diáconos - para se converter à concepção de Igreja presente no Concílio Vaticano II - uma Igreja cujos membros são todos discípulos de Jesus, com funções diversas, mas com igual dignidade e possibilidade de intervenção. [...]
Nota final: continuo a alimentar o sonho de que os nossos filhos vejam uma Igreja na qual o ministério ordenado, em todos seus graus, seja partilhado igualmente por homens e mulheres.» [Teresa Martinho Toldy, teóloga, in Público]
18.4.05
Enchamos tudo de futuros
Pequenos-grandes prazeres (III)
16.4.05
Pequenos-grandes prazeres (II)
125 gr. de manteiga sem sal
80 gr. de farinha
50 gr. de açúcar
2 gemas
2 ovos inteiros
Bater bem os ovos com o açúcar. Depois de bem batido, juntar a farinha. Entretanto derreter o chocolate em banho-maria, com a manteiga, e juntar o preparado em cima. Deitar em pequenas formas previamente untadas. Levar ao forno, a 250º, durante seis/sete* minutos.
* - tempo a experimentar no forno, até obter o ponto.
15.4.05
Pequenos-grandes prazeres
Nós também somos Igreja
Joseph Ratzinger
14.4.05
O Papa sem música
13.4.05
A liberdade dos eleitores
12.4.05
Conto de fadas
Curva, contracurva
Ainda à falta de melhor, mais uma imagem da emancipação de Mimi, em digitalização exclusiva da Epson [Mariah Carey].
11.4.05
Pequeno, pequenino
Terra
Nas celas de uma cadeia
Foi que eu vi pela primeira vez
As tais fotografias
Em que apareces inteira
Porém lá não estavas nua
E sim coberta de nuvens
Terra, terra
[Caetano Veloso, Terra]
Momento de poesia
- Porque às vezes há golos como o do Rui Costa.
[Espoliado de Incheon, in Princípio de pubalgia]
00h42
10.4.05
Não deixes que a verdade estrague o teu post
Daniel "Barnabé" Oliveira voltou a insistir no encontro do Papa com Pinochet - mas "omitiu" ao melhor estilo outras imagens. E só mostrou a fotografia, esquecendo-se das palavras. Para ele, para os outros, deixo esta breve memória da suas palavras nas passagens pela América Latina, de Ignacio Badal, da agência Reuters (a partir de Santiago do Chile):
«DEMOCRATA, AUNQUE ANTICOMUNISTA
La curia no es dada a admitir el trabajo subterráneo del Papa por la restauración de la democracia en América Latina, una región golpeada por dictaduras de izquierda y derecha que han azotado estas naciones durante buena parte de su pontificado.
Sin embargo, las palabras que usó Juan Pablo II en el mismo territorio de estos hombres fuertes daba cuenta de que su interés por el retorno a la libertad no se quedaba sólo en discursos.
"(El Papa) manifestó, con signos impresionantes y palabras de comprensión y apoyo, su cercanía a los más afligidos y exhortó a recuperar los valores de la democracia y a construir en base a la justicia y el respeto a los derechos de todos," dijo Errázuriz en su alocución al Celam.
Conocedores del Papa, como un ex médico personal y un biógrafo, citados por un historiador chileno, aseguran que un encuentro personal con Augusto Pinochet en su visita a Chile de 1987, Juan Pablo II lo instó a un pronto regreso a la democracia. Al año siguiente se sometió al plebiscito que lo sacó del poder.
Otro ejemplo ocurrió en Argentina, donde impulsó una rápida transición a la democracia con su visita en pleno conflicto de las Malvinas, cuando la derrota era clara.
Un mensaje similar llevó a Paraguay en 1988, un año antes que cayera el dictador Alfredo Stroessner a manos de otro golpe militar que paulatinamente reencaminó el país a la democracia.
A Uruguay llegó a respaldar la naciente democracia en 1987, aunque también perseguía otro fin: reimpulsar a una debilitada iglesia católica en un país de fuerte carga agnóstica.
Mal le fue, en todo caso, con sus gestiones contra los gobiernos izquierdistas, pese a su anticomunismo militante que evidenció en sus recientes memorias publicadas en Roma.
Nicaragua fue un ejemplo. Juan Pablo II llegó en 1983 con un discurso que atacaba directamente al gobierno sandinista de Daniel Ortega, que había derrocado al dictador derechista Anastasio Somoza.
"Intentó desestabilizar la revolución," opinó el ex ministro sandinista y sacerdote Ernesto Cardenal.
No obstante, Ortega se mantuvo en el poder en medio de la guerra civil tras ganar, un año después, los comicios presidenciales.
Y Cuba es aún una asignatura pendiente para el Papa. A pesar de su visita histórica en 1998, que al menos logró una pequeña apertura para la expresión religiosa de los católicos cubanos, no logró su objetivo principal, que era convencer al presidente de la isla caribeña de gobierno comunista, Fidel Castro, de democratizar su país.» [os sublinhados são nossos]
A maldade da noite
- Não, o dr. Marques Mendes não precisa de crescer...
[António Borges, à SIC Notícias]
Deprimente
O que é que tem o Barnabé?
9.4.05
A morte do intelectual
[nema, ci-nema]
Daniela Bianchi, From Russia with Love
8.4.05
Longe de Pombal
[um poema visual dos sentidos]
[in sabor a sal]
[publicidade que dá gosto]
[la une]
«8 de abril (11.30).- El ataúd de madera desafina entre el mármol y el orgullo barroco de la basílica. Pero no desafina con el espíritu ni con el testamento de Juan Pablo II: no ha dejado bienes materiales. Ni los tenía.
De hecho, el féretro de ciprés parece el mismo que las autoridades de cualquier puesto fronterizo emplean aséptica y funcionarialmente para alojar a los muertos anónimos de las pateras.» [Rubén Amón, jornalista do El Mundo, blog Desde el Vaticano]
Actualizações
[sem modéstia]
2. E o melhor dossier* sobre a vida, a obra e a morte de João Paulo II, publicado na imprensa portuguesa - sim, pelo Público, de António Marujo.
Perdoe-se-nos a falta de modéstia. As coisas boas cá da casa também têm de ser elogiadas de quando em vez.
[nemesis]
[LR, in A Quinta Coluna]
7.4.05
Duas oportunidades
Duas oportunidades que esta notícia colocou - uma ganha, outra perdida.
A oportunidade perdida: o exemplo e o debate que geraria a renúncia, num exercício de desapego das coisas terrenas.
A oportunidade ganha: descobrir que os velhos não têm de sofrer e morrer escondidos, numa época em que o culto do corpo só admite pessoas jovens e alegadamente saudáveis.
Upgrade (a lógica de mercado)
6.4.05
O pano caído, a chave escondida
Por mais apostas que se façam, caiu o pano sob a sede. As chaves permanecem por entregar. As de João Paulo II foram entregues ao exigente escrutínio do mundo. Os que não professam, apontam o dedo à moral sexual que Wojtyla manteve enclausurada. Os que acreditam, preferem sublinhar o homem de convicções e santo, e aqui e ali assumem o bispo que lutou pelos direitos humanos e sociais. Mas haverá uma chave que ajude a compreender toda a complexidade do seu pontificado?
Questões destes dias
Porque O seguiam os jovens?
Porque quis Ele ser homem?
E porque O seguiram os homens?
As perplexidades que nos consomem.
5.4.05
Até que a vista nos doa
«O mundo está mais seguro» (Bush)
4.4.05
Assis
3.4.05
[estatuto editorial]
O Homem Bom
Quem é sábio?
Aquele que aprende com todos.
Quem é poderoso?
Aquele que se conquista a si mesmo.
Quem é rico?
Aquele que se contenta com o que tem.
Quem é honrado?
Aquele que trata a todos honradamente.
Shimon ben Zoma (século II), Talmude, Pirkei Avot 4:1
[in Rua da Judiaria, onde se recorda o perdão aos judeus.]
2.4.05
memória
[uma noite assim, II]
Este Papa foi afinal um homem do seu tempo - de contradições, de convicções. Aqui escrevi pela discordância de orientações, aqui aplaudi pela coragem de palavras e actos. Como todos nós, na vida, viramos na próxima à esquerda, aproveitamos a entrada pela direita.
Este Papa é um homem do seu tempo: lutou por aquilo que acreditou, intransigiu naquilo que sabia ser a sua vontade. Errado? Certo? A seu tempo, o seu tempo será avaliado. Por mim, vacilou algumas vezes nas políticas sociais e da liberdade, mas teve a coragem de rectificar caminhos (Timor-Leste, por exemplo). Por mim, bloqueou demasiadas vezes a possibilidade de viver a sexualidade - a vida, o corpo - de outra forma. Mas marcou uma história única de perdão e reconciliação. Pela paz, contra a guerra. Pela liberdade, no derrube de muros da História.
Este Papa fez caminho comigo. E eu com ele. João Paulo II foi nomeado em 1978, tinha eu seis anos. Assim, marcou quase toda a minha vida, como católico (de Paulo VI e de João Paulo I retenho as mortes): no crescimento, no questionamento, na maturação, na experiência de vida. Dizer isto, não é dizer pouco: um pai de quem discordamos. Mas que podemos amar, sempre, apesar dos erros. Como ao nosso pai. Mas um pai que não se adora, nem se idolatra. Como ao nosso pai. Na hora da espera, a saudade.
[mediatismos] Há quem aponte o dedo à mediatização da sua morte. Não me lembro de estarmos a ver em qualquer canal uma câmara no seu quarto... De Féher, sim, lembro-me de ter morrido em directo. E há quem se lembre de JFK, morto em directo na TV americana. E lembro-me dos milhares que morreram em directo nas torres gémeas... Poucos se ofenderam com essas mortes em directo.
1.4.05
[frases do dia]
«Portugal iniciou a retoma» (Santana Lopes).
«O mundo está mais seguro» (George W. Bush).
«Movimento pró-vida» (movimentos anti-aborto).
«A barriga é minha». (movimentos pró-aborto).
[em actualização... ao longo do ano]
Hoje é dia 1 de Abril, dia das mentiras, nenhuma destas frases foi dita hoje.