19.4.06

Ir ao Rossio, hoje

Eu não posso ir ao Rossio, hoje. Se fosse, justificar-me-ia assim, como escreve o Rui Almeida:
"Só soube que fazia agora 500 anos que tinha havido um massacre de judeus em Lisboa quando o Nuno Guerreiro falou disso, há uns meses. Nunca me falaram de tal coisa na escola... Mesmo do facto de ter havido expulsões de grupos étnicos, ao longo da história, no nosso país, só me apercebi que eram uma realidade significativa a partir de leituras menos canónicas que a dos manuais escolares.
Logo à tarde, irei passar pelo Rossio. Irei, sobretudo, para me lembrar de que os que mataram professavam a mesma fé que eu professo, que rezavam o mesmo credo que eu, que, de acordo com o que acredito, são parte do mesmo corpo que eu: a Igreja. Não posso afirmar o que faria se vivesse naquele tempo e naquelas condições (acho até este tipo de especulação estéril e inútil), mas sei que sou da mesma condição e sujeito às mesmas fraquezas daqueles que cometeram ou foram cúmplices de tal crime. Por isso peço para eles o perdão de Deus e a Deus peço que me ajude em cada momento da minha vida a manter a lucidez para evitar a violência e ajudar a construir a paz."