É verdade, escrevo do Japão, com acentos e sem caracteres japoneses.
Hoje voltou o bom tempo e o Japão fez jus ao seu apodo de "país do sol nascente". Ainda era terça-feira em Portugal quando fui acordado pela luminosidade que fazia sobressair, sobre as copas verdes das árvores, o cone fantástico do Monte Fuji.
Montanha sagrada para os japoneses, o Monte Fuji escondeu-se até ontem por entre as nuvens baixas que faziam companhia à chuva que caía ininterruptamente. Ontem, um dos nossos anfitriões dizia que, se nos portássemos bem, o tempo melhoraria.
Pelos vistos, os deuses japoneses acharam que sim, que nos havíamos portado bem, e abençoaram-nos com um dia de sol e uma vista magnífica do Monte Fuji.
Amanhã, se o tempo se mantiver bom, talvez nos aproximemos do cone do vulcão, que, por estas alturas, ainda não se encontra coberto de neve.
Em Fujiyoshida, onde me encontro, o anúncio do abandono da liderança do PCP por parte de Carlos Carvalhas, as movimentações dos militares nas ruas de Bissau, os preços do petróleo nos mercados mundiais, a ida da Ministra da Educação ao Parlamento e a violência no Iraque, parecem muito distantes. Demasiado distantes!
Há montanhas assim: sagradas para uns e um regalo para os olhos de todos. Não fosse a artilharia informática instalada na sala em que me encontro e a montanha-russa gigante que descansa agora da agitação frenética do dia, parecer-me-ia estar noutro planeta.
Lost in translation e em muitos outros sentidos...