30.4.07

Liberdades

Estive na Madeira, na anterior pré-campanha eleitoral. O taxista que nos conduziu pelas auto-estradas de sucesso da ilha apontou-nos a rampa de 20 metros que servia de acesso a uma aldeia: "Foi inaugurada há dias pelo Alberto João". No Norte da ilha, os túneis venciam as escarpas belíssimas com a aceleração das obras para tudo ficar pronto a tempo das eleições e de mais uma inauguração jardinística. Dois anos e meio depois, a pouca vergonha volta a vestir-se de Alberto João para mais um rodízio de inaugurações, que nos sai directamente do bolso: quantas empreitadas (de empresas de tipos do PSD local) são pagas a mais, nestes dias loucos de eleições por uma birra?!

Obviamente que há obra feita, dizem os apaniguados, mas a custo de milhões de euros que escapam sempre ao controlo do Estado, criticados depois, sempre muito depois, pelo Tribunal de Contas. A estas críticas, o governador das ilhas faz orelhas moucas e ainda insulta. E a comunicação social pouco diz, ocupada em relatar o frenesim da placa descerrada. Tem razão, Paulo Rangel, «nunca, como hoje, em décadas de democracia, se sentiu este ambiente de condicionamento da liberdade».